segunda-feira, 28 de setembro de 2015



28 de setembro de 2015 | N° 18308 
CÍNTIA MOSCOVICH

A ALMA FALA


Existem aquelas pessoas que têm um sentimento de mundo tão grande que ultrapassa tudo o que podem (e o que nem podem) fazer pelos seus e por aqueles que nem conhecem. É gente que acha pouco ter só duas mãos e que pensa que coração e fogo ainda não bastam para a sanha dos dias. É assim, para preencher essa falta inquieta, que começam a escrever. E fazem poesia, uma poesia que representa esse peso dolorido que suportam sobre os ombros e na qual expressam sua natureza quase transcendente de tão dedicada.

Themis Groisman Lopes é uma dessas raras criaturas. Médica psiquiatra, poeta e cronista, colaboradora de Zero Hora, Themis é movida por sentimentos de justiça e de pura solidariedade com seus pares humanos (e os de quatro patas), este senso que ela tão bem expressa em sua própria forma de agir e de se relacionar com todos, familiares, amigos, estranhos – e, muito melhor, em sua poesia.

Pois no próximo sábado, 3 de outubro, a partir das 17h, na Livraria Bamboletras, ali no centro comercial Nova Olaria, Themis lança Quando a Alma Fala, (Buqui), obra em que ela expressa suas inquietações com esse profundo sentir da vida.

Nesse novo livro, a autora reune 90 poemas inéditos, escritos de forma praticamente intuitiva, com aquele saber que antecede a própria razão e que, como diz o título, vem da alma. Inocente da versificação ou métrica rígidas, Themis mostra uma poesia plena de afetos, que aborda com delicadeza e realidade os eventos comuns a todos – lembrando, inclusive a morte de dois ídolos gaúchos, Nico Nicolaiewsky, o Maestro Pletskaya do musical Tangos & Tragédias, e Fernandão, o líder precocemente falecido da torcida colorada.

Sem a propensão a menos fazer o que quer que seja, lidando com a tradição dos românticos, os versos de Themis conseguem ser, a um só tempo, delicados e incisivos, líricos e dinâmicos, eróticos e reservados. Às vésperas de nossa Feira do Livro, a autora entrega aos leitores um livro de estrutura graciosa, com um olhar de vivo interesse pelo mundo e pelas pessoas, o que sempre vai ser o melhor que um ser humano pode fazer pelo outro.