sábado, 16 de fevereiro de 2019


16 DE FEVEREIRO DE 2019

INFORME ESPECIAL

O RIO GRANDE MAIS GRISALHO

Muita gente torce o nariz para o assunto, mas em nenhum outro lugar do Brasil a discussão em torno da reforma da Previdência é tão importante quanto no Rio Grande do Sul. O Estado vive um acelerado processo de envelhecimento da população, os casais têm cada vez menos filhos e mais de 40% dos trabalhadores se aposentam por tempo de serviço, bem antes dos 60 anos. Estamos nos tornando um Estado de idosos.

Não que isso seja ruim. Viver mais é uma conquista a ser celebrada. Mas, assim como o avanço da idade gera necessidade de mudanças na rotina, a evolução no perfil da sociedade gaúcha exige ações urgentes do poder público.

Tudo está acontecendo de forma muito rápida. Entre 2015 e 2030, o percentual de idosos no Estado vai passar de 15% para 24%. Ou seja, daqui uma década, uma em cada quatro pessoas que vive no RS terá mais de 60 anos - patamar igual ao da Áustria hoje.

Nessa mesma época, em 2029, a população já deve começar a diminuir.

No decorrer do século 20, o Rio Grande do Sul reduziu o número médio de filhos por mulher. Hoje, a taxa de 1,75% é uma das mais baixas do Brasil, igual à de países como Finlândia e Holanda e menor do que a de Noruega e Suécia.

A Alemanha, que enfrenta desafio semelhante ao nosso, já estuda facilitar a entrada de imigrantes não europeus. Uma pesquisa da Universidade de Coburg, recém publicada, estima que sejam necessários 146 mil trabalhadores de fora do continente para manter a economia alemã aquecida e Angela Merkel promete mudanças na legislação já para o ano que vem. Por aqui, talvez essa também seja a saída. Somos o Estado brasileiro que menos atrai gente de fora. Do jeito que está, a conta não fecha: o número menor de trabalhadores em atividade não será suficiente para financiar os benefícios dos que já se aposentaram.

A mudança exigirá mais investimento em saúde para atender a maior procura por serviços médicos, além da construção de asilos e maior foco em educação - só profissionais mais instruídos serão capazes de gerar mais renda.

Com tanto a fazer, não parece uma ideia ruim começar pela Previdência.

CADU CALDAS

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