sábado, 31 de julho de 2021


31 DE JULHO DE 2021
MONJA COEN

VITÓRIA DA LEVEZA E DA ALEGRIA

Jogos Olímpicos de Tóquio. Assisto os que consigo e vejo vencendo atletas leves, alegres, brincando, se esforçando sem medo de falhar, sem ansiedade por ganhar. Brilhar uns para os outros deveria ser o valor mais elevado. Mostrar o que treinou, o que consegue fazer. Não para desvalorizar os outros, mas para estimular a melhoria de todos.

Vejo atletas fazendo o seu melhor. Sorrindo. Agradecendo à vida e ao mundo por participar dos Jogos Olímpicos, por ser elite das elites atléticas do mundo. Sem querer o mal de outros competidores, apostando na vida, no esporte que une, compartilha, agrega.

Ah! Se todos houvessem sido treinados, educados, provocados para que assim fosse, o mundo se tornaria uno - o uno que já é, mas nem todos percebem. Deixar de lado diferentes posições políticas e econômicas. Além das religiões e das fronteiras, cada grupo com suas características e culturas, brincando juntos.

Crianças sagradas. Acolhendo a diversidade e apreciando uns aos outros, reconhecendo os anos de esforços que os levaram a Tóquio.

O ganhador do triátlon masculino não acreditou que estava chegando em primeiro lugar. Olhou para trás duas ou três vezes. Pensei até que ia esperar os outros dois corredores que estiveram próximos dele quase até o final. Ele nem se deu conta que havia se distanciado. Enrolou-se na faixa da chegada e rolou pelo chão. Vomitou. Foi embora numa cadeira de rodas. Sorrindo... Havia ido além do seu limite físico, sem se dar conta, sem fazer contas. Pareceu-me que ele estava livre da intenção, apenas presente em cada passada, leve, sorrindo, e foi isso que o fez ser o primeiro.

No skate, vimos as duas adolescentes de 13 anos com ouro e prata. A japonesa não gostou da maior nota da competição - um 5 - que foi dado à jovem brasileira durante o percurso e comentou entre dentes com a outra japonesa, que ficou com o bronze. As múltiplas câmeras pegam tudo: olhares, gestos, atitudes...

A nossa menina, Rayssa, pulou, dançou, sorriu, abraçou e chorou. Recebeu a medalha de prata. Poderia ter sido ouro, se antes da sua penúltima volta houvesse confiado em si mesma e, sem olhar para seus amigos e amigas, arriscasse sentir o vento, como fizera das outras vezes. Caiu. Caiu quando teve a intenção de acertar. Sem intenção, apenas deslizando, tornando-se uma com o skate, as barras e o movimento da vida, nos mostrou equilíbrio, alegria, tranquilidade.

Campeãs e campeões trabalham muito, treinam muito, fazem dietas, precisam de massagens, de outras atividades fortalecedoras do corpo. Precisam fortalecer o emocional. A mente é muito importante e decisiva para ganhar.

Todas as e os atletas se prepararam muito para chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio. Houve pessoas contrárias aos Jogos, mas perderam e a vitória ficou com os que acreditaram na necessidade de arriscar e trazer atletas do mundo todo, mesmo sem resultados financeiros que beneficiassem o país.

São esses momentos e são essas decisões que transformam o mundo.

Ah! Como me faz bem assistir essa juventude decidida e forte. Às vezes sofro com suas dores, tristezas, dificuldades, falhas. Sem peso, com leveza e assertividade, sigo assistindo e me envolvendo. Tensão, medo, descuido e a medalha se vai.

Atenção, treino, preparação com alegria, tranquilidade e prazer atraem vitórias sem fim. Força e leveza. Presença, confiança coroam de louro cabeças de jovens do mundo todo.

Se você quiser ser uma campeã ou um campeão no Olimpo - terra das deidades gregas -, lembre-se da humildade e da coragem. Mantenha seu corpo fechado para os vírus que afetam a humanidade: ganância, raiva e ignorância.

Liberte-se de si mesmo. Desperte. É tempo da vitória da alegria e da leveza.

Mãos em prece

MONJA COEN

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