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de junho de 2014 | N° 17828
O
VALOR DAS COLEÇÕES - VAMOS TROCAR?
DESINIBIÇÃO, PERSISTÊNCIA E
ORGANIZAÇÃO SÃO ALGUNS DOS BENEFÍCIOS DE COLECIONAR
Em
ano de Copa do Mundo, é comum deparar com grandes grupos de crianças (e até de
adultos e idosos) empenhados em trocar figurinhas e completar o álbum do
torneio o mais rapidamente possível. Craques das mais consagradas seleções de
futebol passam de mão em mão e terminam afixados nas páginas dos
colecionadores. Mas não são apenas os cromos que se tornam intercambiáveis
nesse processo.
–
Cria-se um ambiente de negociação e barganha, um verdadeiro mercado de escambo
sustentado por uma rede social bastante extensa e complexa. As pessoas
envolvidas e, principalmente os pequenos, são estimulados a constituir valores
simbólicos aos objetos permutados e a serem desinibidos para estabelecer o
maior número de contatos que conseguirem – explica Tânia Fortuna, pedagoga e
professora da UFRGS.
De
acordo com a especialista, o colecionismo pode ser considerado um resquício do
ato de brincar já que, à medida que crescemos, a prática acaba se tornando uma
espécie de brincadeira para os adultos.
–
Quando colecionamos objetos, fazemos com que o brincar persista, mas de outra
maneira. Ao amadurecermos, a ênfase que damos àquelas peças recai sobre a
questão da posse, e não mais somente sobre a diversão – esclarece a pedagoga.
Outro
aspecto marcante é o fato de que a atividade também desempenha a função de
trampolim para assuntos relacionados às coleções, estimulando a busca e a
descoberta por outros temas que derivam do interesse inicial dos pequenos. No
caso do álbum da Copa, você pode aproveitar o interesse das crianças e
incentivá-las a pesquisar, por exemplo, onde fica a Croácia ou como vivem os
iranianos.
Na contramão do imediatismo
Não
se sabe ao certo quando o hábito de colecionar começou. Desde que a atividade
deixou de ser restrita a reis e a aristocratas, há cinco séculos, ficou difícil
dizer o que ainda não virou objeto de coleção. De cartões-postais, selos e
moedas, até excentricidades como embalagens usadas, mechas de cabelo e
sabonetes de hotel, tudo é válido para os seguidores da tradição. Classificada
como hobby ou mesmo como uma profissão digna de grandes investimentos, a
prática se mantém com o passar das gerações.
–
Hoje ela acaba se destacando porque, no nosso mundo imediatista, a sociedade
não investe em conquistas e aquisições a longo prazo. Os colecionadores, por
outro lado, impõem metas muito definidas e se empenham durante muito tempo para
cumprir os objetivos. É um exercício de persistência – defende Sônia Sebenelo,
psicóloga clínica e presidente da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul
(SPRGS).
Além
disso, vale lembrar que, atualmente, a maioria das nossas ações são planejadas
e desempenhadas com uma preocupação utilitária, para que alcancem sempre um
nível máximo de produtividade. Por isso, o prazer de colecionar visando à satisfação
dos próprios desejos é tão valorizado.
Por
que é bom colecionar?
Aproxima e mobiliza a família
Cria noções de responsabilidade, disciplina e
persistência
Estimula a interação, a sociabilidade e a
desinibição
Aumenta o senso de organização
Incentiva a negociação e a flexibilidade
Potencializa a cognição
Desperta interesse e curiosidade para assuntos
correlatos
Exercita a paciência, a criatividade e a
imaginação
Combate o estresse e a ansiedade
É uma ótima opção para os períodos de ociosidade
Faz com que os pequenos valorizem os bens que
possuem
Torna
as pessoas mais centradas e decididas, com objetivos e metas bem definidas