segunda-feira, 1 de setembro de 2014


01 de setembro de 2014 | N° 17909
IDEIAS MIA COUTO NA UFRGS

“Na verdade, a gente reinventa o passado”

ESCRITOR MOÇAMBICANO conduzirá aula magna a partir das 10h de hoje, com o título Guardar memórias, contar histórias e semear o futuro
Acostumado a brincar com as palavras em sua literatura, o aclamado escritor moçambicano Mia Couto também subverte o tempo.

Na aula magna que proferirá a partir das 10h de hoje, no Salão de Atos da UFRGS, uma das principais vozes do continente africano na atualidade vai propor uma inversão na relação entre passado e futuro para convidar o público a refletir sobre o presente.

– Há uma espécie de relação dupla: para haver passado tem de haver futuro. Na verdade, a gente reinventa o passado, o passado não é algo em que possamos confiar tanto assim. É sempre fabricado, e fabricado em função de uma esperança, de uma crença. E se não há crença, como me parece ser o caso mais ou menos universal hoje, vivemos numa espécie de tempo plano, um presente sem tempo – disse o escritor ontem à tarde em Porto Alegre, em entrevista a ZH.

Partindo desse pressuposto, o moçambicano conduzirá a palestra Guardar memórias, contar histórias e semear o futuro, em uma homenagem do Fronteiras do Pensamento à universidade, em comemoração aos seus 80 anos.

CONTRA A DITADURA DO INSTANTÂNEO

Costurando causos com seu reconhecido talento de narrador, Mia Couto levantará questionamentos sobre o modo de vida das sociedades contemporâneas.

– O que quero dizer é que o tempo presente que hoje nos impõem é um tempo vazado de história. É um tempo que vive nesta ditadura do imediato, do instantâneo – antecipou.

Apaixonado pelo Brasil, o moçambicano é inclusive sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras, e por aqui é conhecido por obras como Terra Sonâmbula, O Outro Pé da Sereia e A Varanda do Frangipani.

Vencedor dos prestigiados prêmios Neustadt e Camões no ano passado, o escritor se consagrou com seu modo peculiar de narrar histórias, valendo-se de uma linguagem poética, recheada com palavras inventadas, para retratar a realidade áspera de seu povo.

Quem for assisti-lo poderá testemunhar como suas palavras são também uma forma de resistência.

leticia.duarte@zerohora.com.br

LETÍCIA DUARTE - FIQUE POR DENTRO


O que: aula magna de Mia Couto Onde: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110 - Campus Centro) Quando: hoje, às 10h Entrada: gratuita, por ordem de chegada e conforme a capacidade Na internet: será possível acompanhar a palestra ao vivo pelo link ufrgs.br/multimidia/ufrgstv.html Informações: pelo telefone (51) 3308-3034