Jaime
Cimenti
Último clássico de
Hemingway
O
romance As ilhas da corrente (Islands in the Stream, Bertrand Brasil, 616
páginas, tradução de Milton Persson, R$ 65,90), último clássico de Ernest
Hemingway, o mais renomado ficcionista dos Estados Unidos, foi publicado pela
primeira vez em 1970, nove anos após o suicídio do autor de O velho e o mar,
Por quem os sinos dobram?,
O
sol também se levanta e outros sucessos de crítica e de público. As ilhas da
corrente não é considerada apenas a melhor obra póstuma do mestre. É, sem
dúvida, um de seus grandes livros. Narra as aventuras e as tragédias presentes
em momentos cruciais da vida do pintor Thomas Hudson, personagem multifacetado,
um evidente alterego de Hemingway.
O
volume se divide em três grandes partes: Bimini, Cuba e No mar. Bimini é ambientada
numa paradisíaca ilha do Caribe onde o protagonista – divorciado e beberrão –
leva uma vida de sonho. No segundo segmento, Cuba, os ares são mais sombrios e
o personagem é um homem atormentado que perde o filho em um acidente.
Ele
reencontra a primeira esposa e revive o final infeliz do seu grande história de
amor de sua vida. Na parte final, há um drama de guerra com elementos de outras
obras de Hemingway, como Por quem os sinos dobram e O velho e o mar. Hudson é
um caçador de submarinos nazistas na Segunda Guerra Mundial, no litoral cubano.
Os
leitores podem ler as três partes como uma reunião de novelas interligadas ou
um romance fragmentado. De qualquer modo, o ponto mais alto da maturidade
estilística do genial Hemingway está lá. A narrativa e os diálogos vivos
encantam os leitores.
Na
apresentação, o professor e escritor Luiz Antônio Aguiar escreveu que o livro é
um mergulho no desencanto, num desespero amordaçado, num suicídio delegado à
sorte de um jogo sem glória, em que o jogador aposta alto sabendo que o ganho,
se houver, será mesquinho. Um homem complexo, intrigante, uma história de amor
e solidão e o humor do escritor estão nas páginas do clássico.