Transparência sobre o Salgado Filho
A Fraport, gestora do Salgado Filho, apresenta hoje ao governo federal as conclusões dos estudos relacionados à análise do solo sob a pista do aeroporto da Capital, sem voos há 74 dias pelo alagamento do local. A expectativa é de que também indique um cronograma para a retomada de pousos e decolagens. É dever da concessionária e do Executivo dar transparência absoluta em relação ao diagnóstico e às obras necessárias e informar a sociedade gaúcha, com a maior precisão possível, sobre os prazos para a volta da operação com aeronaves.
Não há espaço para tergiversação ou morosidade. A recuperação plena da economia do Estado, após a tragédia climática de maio, está em boa medida atrelada à normalização do Salgado Filho. Os voos comerciais disponibilizados a partir da Base Aérea de Canoas e as opções criadas em outros aeroportos, como o de Caxias do Sul, são em número bastante inferior ao que era usual em Porto Alegre. A base, por exemplo, está desde a semana passada autorizada a ter até 87 voos semanais. O Salgado Filho, o sexto terminal mais movimentado do país em 2023, tinha cerca 650 a cada sete dias.
Setores como turismo, hotelaria e eventos são alguns dos mais prejudicados pela ligação aérea precária com outros Estados e países. Os transtornos são múltiplos. Há alguns tipos de cargas, de alto valor, altamente dependentes do modal. Compromissos profissionais e negócios também são afetados.
Não há dúvida de que é uma boa notícia a volta, ontem, das operações de embarque e desembarque de passageiros no Salgado Filho, embora os voos sigam partindo e chegando na Base Aérea de Canoas. É um novo passo rumo ao estabelecimento do aeroporto. Mesmo assim, é insuficiente.
O diretor de Operações do Salgado Filho, Fabricio Cardoso de Lima, confirmou ontem que dos 3,2 mil metros de pista, somente 800 não ficaram submersos. Todo esse trecho que ficou semanas sob a água terá de sofrer alguma intervenção. Mas não descartou que segmentos mais próximos à parte que não foi inundada possam ser priorizados e, assim, exista a liberação parcial da pista para voos e decolagens. Os aspectos ligados à segurança, por certo, não serão negligenciados. Também serão necessárias obras em outros pontos, como áreas de estacionamento de aeronaves. Há ainda a dependência da chegada de equipamentos utilizados no terminal de passageiros.
Todo o esforço deve ser direcionado para o Salgado Filho voltar a ter voos antes de dezembro, primeiro prazo estipulado. Fraport, governo federal, companhias aéreas e demais órgãos devem trabalhar de forma célere e coordenada para as operações com aviões serem retomadas mesmo que parcialmente até outubro, como se cogita agora. A reabertura do aeroporto de Porto Alegre para pousos e decolagens, além de solucionar um problema logístico grave, terá grande importância simbólica para impulsionar o processo de reconstrução do Rio Grande do Sul. _
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