15 DE JULHO DE 2024
DIRETO DA REDAÇÃO
Direto da Redação
Não é de hoje que pesquisadores têm alertado para os riscos que corremos pelo uso excessivo de telas. Não se trata de desprezar o avanço da tecnologia, pela qual somos absolutamente beneficiados enquanto sociedade, mas de observar atentamente as consequências, para nosso corpo e mente, de uma exagerada quantidade de horas com a cara grudada no celular. Em suma, o raciocínio pressupõe que a diferença entre o remédio e o veneno é justamente a dose.
Como pressuposto, é importante dizer que aqui fala alguém que é usuária intensa do aparelho. Talvez por isso os dados apontados pela gaúcha Gisele Hedler, especialista em comportamento humano, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, tenham me chamado tanto a atenção. O tema da conversa: brainrot ou "podridão cerebral". O termo é utilizado por estudiosos para se referir ao que experimentamos quando de uma exposição excessiva a conteúdo de baixa qualidade nos dispositivos.
Para facilitar, Gisele usou como exemplo a agilidade de um computador novo. Quando recém-formatado, os programas rodam com facilidade e o sistema responde rapidamente. À medida que o tempo passa, se o usuário começa a acessar sites ou dispositivos não confiáveis, se houver exposição a vírus ou ainda se lotado o espaço/memória previsto, é possível que o sistema já não funcione como antes, trave e apresente lentidão. Assim também é o nosso cérebro.
Alguns sintomas imediatos dessa superlotação: estresse, ansiedade, problemas de sono. Isso no curto prazo. No longo, possibilidade de burnout e até mesmo declínio cognitivo.
Para piorar, é duríssima a tarefa de reprogramar nosso cérebro se o acostumamos com tantos estímulos. Nosso computador mental é apaixonado por tais estimulações virtuais, que não exigem dele esforço algum. A liberação de dopamina é imediata. A tendência é querermos (sempre) mais.
Qual o caminho, então, para mudar? A saída, diz Gisele, é exercitar a desconexão programada. Estabeleça limites, diminua o número de horas de rosto colado na tela, procure novos passatempos. Crie rotinas em que o celular não esteja à sua frente. Esforce-se para não buscar o aparelho a cada cinco minutos. É treino, tal como exercício físico. Vai exigir esforço tremendo. Mas o caminho prevê recompensas no horizonte, como maior poder de concentração, criatividade e pensamento crítico. _
Epidemia celular - Kelly Matos - DIRETO DA REDAÇÃO
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