20 DE JULHO DE 2024
EDITORIAL
Transparência e credibilidade
Coube ao Rio Grande do Sul, em um momento já delicado para a economia local, ter o infortúnio do aparecimento de um foco da doença de Newcastle em um criatório comercial de aves em Anta Gorda, no Vale do Taquari. Mandam os protocolos que o Brasil informe as nações compradoras e suspenda as exportações em caso de acordos assinados com esta cláusula preventiva. Em situações como essa, é dever ser transparente com os mercados. Confere credibilidade para o país e o setor, com significativo peso econômico e social no Estado.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e o Rio Grande do Sul é o terceiro nas vendas externas nacionais, atrás do Paraná e de Santa Catarina. No primeiro semestre, o Estado embarcou o equivalente a US$ 630 milhões. São mais de 7 mil produtores integrados à cadeia avícola gaúcha, a maioria pequenos, além de 35 mil empregos diretos em unidades industriais.
Como relevante player da área de proteína animal, devido à grande competitividade conquistada nas últimas décadas, o Brasil está sempre sujeito a iniciativas protecionistas. Muitas vezes, estão disfarçadas de barreiras sanitárias. Por esta razão, é essencial que as autoridades brasileiras mantenham as nações importadoras informadas sobre a situação e os esforços para impedir a disseminação do vírus e debelar a doença. Para manter mercados e seguir abrindo novas portas, ter a confiança dos compradores é condição fundamental. É o que vai permitir, inclusive, uma retomada mais rápida dos negócios agora paralisados.
Episódios como esse do reaparecimento da doença de Newcastle reforçam a importância de contar com um sistema de vigilância e defesa agropecuária robusto. É uma atividade essencial para manter a sanidade de lavouras e rebanhos e dar uma pronta resposta logo que qualquer doença é detectada. Ainda mais para um país que a cada ano se firma mais como um dos maiores produtores globais de alimentos. Bem ilustra o trabalho de profissionais da área ao longo do ano passado, quando foram descobertos casos de gripe aviária em pássaros silvestres no Rio Grande do Sul e em outros Estados. A enfermidade não chegou a criatórios comerciais, algo que os EUA, por exemplo, falharam em evitar.
O Ministério da Agricultura declarou na sexta-feira estado de emergência zoossanitária no Estado. É um procedimento- padrão voltado a agilizar medidas de vigilância na região do criatório onde o vírus foi confirmado, o que inclui a vistoria em propriedades em um raio de 10 quilômetros, até a erradicação total do foco. Equipes do governo federal e do Estado se somam neste esforço de evitar a disseminação do vírus. Deve-se ressaltar que o Rio Grande do Sul e o Brasil têm sistemas de sanidade animal e vegetal de competência comprovada e testados em vários episódios anteriores. No Estado, também é modelar o Fundesa, fundo das cadeias de proteína animal e lácteos, que atua em apoio às ações oficias.
Em outra frente, os consumidores brasileiros também precisam ser bem informados. Como lembram as autoridades e especialistas, inexiste qualquer risco em seguir consumindo a carne de frango ou os ovos produzidos no Rio Grande do Sul.
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