sexta-feira, 25 de julho de 2014


Recordações e histórias de Bocelli sobre o rei dos tenores

Luciano Pavarotti foi, sem dúvida, o maior tenor de todos os tempos, o rei dos tenores, com seu timbre suave mas firme. Sua voz foi bem descrita como “uma romã recém-cortada, que parece sangue e tem sabor de açúcar”. Do Scala de Milão ao Metropolitan de Nova Iorque, Pavarotti encantou plateias de todo o mundo, popularizou a ópera no planeta desde o início dos anos 1960 até falecer, em 2007, aos 71 anos.

Luciano Pavarotti - Um mestre para todos, lançado há poucos dias pela Bertrand Brasil, em suas 160 páginas traz sublimes depoimentos de Andrea Bocelli, um dos tenores mais amados do mundo, sobre seu mestre e amigo “Big Luciano”. Bocelli foi apontado como o herdeiro do mestre, mas ele, com humildade, sabe que o vazio deixado pelo tenor é difícil de ser preenchido.

O delicado álbum de recordações e de histórias traz textos elaborados a partir de depoimentos de Bocelli ao jornalista Giorgio De Martino e narra a vida de um homem atencioso e irônico, enamorado dos Estados Unidos e das mulheres, apaixonado por pintura, por cavalos e pela boa mesa.

Os relatos são entremeados com os relatos da própria biografia de Bocelli e cujo CD Arie Sacre é o mais vendido álbum clássico já gravado por um artista solo. Os aspectos mais íntimos e desconhecidos do profundo vínculo de amizade entre os tenores são revelados. Facetas menos conhecidas de Pavarotti, como sua constante solidariedade aos necessitados, o casamento feliz com Nicoletta Mantovani e o nascimento de Alice são descritos com emoção por Bocelli, que igualmente fala de curiosidades do meio musical e de encontros com personalidades.

Um dos pontos altos da narrativa é a história da amizade dos dois, que começou de modo tímido e solidificou-se ao longo dos anos. Claro que partes gostosas do livro são sobre comida, culinária e uma receita de javali ensopado “à caçadora”, que está na página 82, para uso e deleite dos leitores. O lado pop de Big Luciano e suas ligações com Bono, do U2 , Elton John e Laura Pausini não poderiam ficar de fora. 

A simples menção do nome de  Pavarotti comove Bocelli até hoje. Andrea Bocelli fala de seus percursos pelo mundo e mostra bem o que Pavarotti representou para ele e como  influenciou sua carreira brilhante. Nas 50 páginas finais do volume, um rico apêndice com textos de óperas célebres, como Rigoletto, Il Trovatore  e Aída, é oferecido aos leitores.