segunda-feira, 22 de novembro de 2021


22 DE NOVEMBRO DE 2021
CÉSAR OLIVEIRA

Reconhecimento

Temos o privilégio de viver em um país multicultural, de diversidades tão grandes quanto suas dimensões territoriais. No entanto, ao mesmo tempo em que isso é um privilégio, também é um desafio quando se fala em igualdade. Com tantas diferenças culturais, somos constantemente instigados a praticar a alteridade e entender que deve haver reconhecimento e respeito a todos os elementos do mosaico cultural que nos identifica enquanto gaúchos e brasileiros.

Na última semana, comemoramos uma data de reverência e homenagem aos negros, etnia guerreira e de incansável luta. Donos de uma história que muitos viveram e poucos contam em sua completude; senhores de uma cultura que muitas vezes foi expropriada e escondida. Há menos de 150 anos, ainda estavam sujeitos à escravidão. Ainda hoje, sofrem com o preconceito remanescente desse período de horrores. Por tudo isso, existe a necessidade de exaltar e seguir clamando por respeito a esse povo que também escreveu a história e a cultura do Rio Grande e do Brasil.

20 de novembro é o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, mas hoje também significa o dia de colocar as roupas típicas, a religião, a música, a dança e todas as heranças negras na rua. Dia de exaltar nossos artistas e a história construída por tantas pessoas negras que ficaram fadadas ao anonimato do preconceito, pois somente por meio do conhecimento e da conscientização atingiremos o respeito que todas as culturas merecem. Façamos imperar o verdadeiro significado do nosso lema: liberdade, igualdade e humanidade.

Por ora, finalizo fazendo deste espaço um meio de registro e homenagem a referências que me instruíram por meio da sua arte e exemplo de civilidade.

José Machado, "O Negrinho", um herói da minha adolescência, que, por meio das suas proezas e conquistas na arte da gineteada, tornou-se um mito, o qual pude homenagear em vida por meio da música; Cesar Passarinho, eterno ídolo e referência, cantor-símbolo do movimento musical nativista, este que está completando 50 anos de existência; Ênio Medeiros, um mestre da música crioula do Rio Grande, que, empunhando seu bandoneón, encanta pela sua autenticidade, ao qual externo meu orgulho por ter iniciado minha trajetória ao seu lado; e Loma Pereira, uma divindade cantante, que, ao libertar seu dom, embriaga a todos com a sublimidade da sua voz, refletindo a identidade do povo que representa, o qual, como tantos, é um dos alicerces do gaúcho rio-grandense.

CÉSAR OLIVEIRA

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