Política e poder
Lula entrega obras e reforça promessas
aliás
Depois de quatro visitas de promessas de socorro ao Rio Grande do Sul, o presidente Lula veio ao Estado pela quinta vez desde o início de maio, agora para fazer entregas de obras físicas. Parte das unidades do conjunto habitacional entregue na Lomba do Pinheiro será destinada a famílias afetadas pela cheia. O presidente também entregou as chaves das primeiras casas compradas pelo modelo batizado de "compra assistida". A visita ainda serviu para reafirmar compromissos e assinar documentos que podem acelerar a construção de moradias.
No Grupo Hospitalar Conceição, o presidente inaugurou uma obra que estava praticamente pronta quando assumiu, mas faltava "rechear" com móveis e equipamentos para tratamento do câncer. Entre eles, o acelerador linear que permitirá ao hospital fazer radioterapia. O equipamento está em fase de testes, mas os pacientes já estão sendo atendidos no novo prédio.
No pacote das inaugurações, a obra de maior impacto é o complexo da Scharlau, porque vai melhorar o trânsito na BR-116, um pesadelo para quem precisa se deslocar entre Porto Alegre e o Vale do Sinos ou para a Serra.
Em cada um dos eventos e antes, em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente reforçou as promessas de que não faltará dinheiro para a reconstrução do Rio Grande do Sul e que as moradias serão entregues conforme forem ficando prontas, "porque não se faz casas de papel", nem "do dia para a noite". Ao reafirmar a promessa de dinheiro para obras de contenção, Lula errou na dose ao culpar alguns prefeitos (e poupar outros) da responsabilidade pelos alagamentos.
Apoio à transparência nas emendas parlamentares
Na briga entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal por causa das emendas bilionárias que o governo é obrigado a liberar para os parlamentares, o presidente escolheu seu lado: é a favor das restrições.
Na entrevista, Lula disse que a fatia do orçamento a que os parlamentares têm direito para destinar a suas bases é exagerada. Lula reiterou que é contra as emendas secretas e disse não entender por que os parlamentares insistem em não dar transparência ao destino do dinheiro. _
A manifestação de Lula sobre a Venezuela, na Rádio Gaúcha, teve repercussão nacional e internacional. Embora tenha se recusado a carimbar o regime de Nicolás Maduro como ditadura, foi a primeira vez que usou a palavra "desagradável" e tratou o governo como autoritário. Um aliado interpretou a manifestação como sinal de que está preparando o terreno para romper com Maduro e com o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega.
Na Rádio Gaúcha, Lula disse que sente saudade do tempo em que a polarização no Brasil era entre o PT e o PSDB. Justificou que o PSDB era um adversário de alto nível e que o bolsonarismo é incivilizado e desrespeitoso.
Vamos fazer (a duplicação da BR-290). Eu quero que você ouça bem. Estou olhando nos seus olhos. Pode ficar certa de que, antes de eu deixar a Presidência, dia 31 de dezembro de 2026, nós vamos inaugurar essa rodovia. Você pode ficar certa.
Lula Presidente da República
Difícil de acreditar
Na relação com o governador, o "morde e assopra" do presidente
Acostumado a acompanhar o andamento das obras públicas, o jornalista Jocimar Farina não se empolgou com a promessa de Lula de concluir a duplicação dos lotes 1 e 2 da BR-290 até o fim do mandato, em 2026.
Pelos cálculos de especialistas, depois de iniciada a duplicação ainda vai demorar pelo menos três anos para ficar pronta. No caso do lote 1, mais próximo da BR-116, a empresa vencedora da licitação quebrou e será preciso resolver pendências jurídicas. _
Durante e logo depois da enchente, as relações entre o governador Eduardo Leite e o presidente Lula eram mais amistosas do que hoje. O clima de colaboração exigia que deixassem de lado as divergências políticas para atuar na mesma direção: o socorro às vítimas e a reconstrução do Estado.
Os primeiros ruídos ocorreram com a nomeação de Paulo Pimenta para ministro da Reconstrução. Leite não reclamou, mas no seu entorno logo começou o ti-ti-ti, com assessores afirmando que Lula estava fazendo intervenção disfarçada no Estado.
A relação azedou quando Leite passou a criticar o governo federal pela demora na liberação dos recursos prometidos e a fazer discursos mais ácidos em eventos de empresários.
Nessa sexta-feira, Lula começou reclamando de Leite no Gaúcha Atualidade, dizendo que ele deveria agradecer em vez de ficar reclamando.
Depois, nos eventos com a presença do governador, Lula pediu aos petistas que não vaiassem, cochichou em alguns momentos e "assoprou" as feridas das estocadas.
Em São Leopoldo, Leite foi representado pelo vice-governador Gabriel Souza (MDB), que deu seu recado:
- Por vezes, podemos ser mal compreendidos. Vamos fazer cobrança, sim. Mas vamos agradecer também. E hoje é dia de agradecer. _
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