terça-feira, 20 de agosto de 2024


20 DE AGOSTO DE 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Fumaça da Amazônia no RS é risco nacional

Foi um final de semana estranho, com uma espécie de névoa que não se dissipava totalmente ao longo do dia. Não era a típica "nuvem baixa, sol que racha" conhecida dos gaúchos. Era efeito de um fenômeno meteorológico que trouxe para o extremo sul do Brasil fumaça das queimadas no extremo norte, na Amazônia.

Mas o que está acontecendo na Amazônia para justificar tamanho impacto? Conforme o sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve 20.221 focos registrados do início do ano até 24 de julho. O número é o maior para o período desde 2005.

Embora não haja impactos graves para a saúde (a fumaça chega aqui a uma grande altitude), há um enorme problema envolvido, que é a dificuldade de frear a destruição da floresta.

O período de julho a outubro é conhecido como verão amazônico, caracterizado pela redução da chuva - em consequência, da umidade relativa do ar - e pelo aumento da temperatura, o que eleva o risco de espalhar incêndios florestais.

No acumulado de 12 meses até julho, havia ocorrido queda de 45,7% no desmatamento da Amazônia. Mas no mês passado, foram destruídos 666 quilômetros quadrados de floresta ante os 499,91 quilômetros quadrados de julho do ano passado, aumento de 33,2% na comparação mensal, conforme o sistema Deter, também do Inpe.

É bom lembrar que o governo federal se comprometeu em alcançar desmatamento zero até 2033. Estávamos nos aproximando dessa meta, mas voltamos a nos afastar.

Uma das dificuldades, como alertou o climatologista Carlos Nobre em entrevista à coluna, é o fato de que cerca de 90% das atividades na Amazônia de 2019 a 2022 eram ilegais.

Para os céticos sobre essa estimativa, é bom lembrar que o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, apresentado no mês passado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou Santana, no Amapá, como a cidade mais violenta do Brasil.

Não temos capacidade para alterar o comportamento do clima no curto prazo - no longo, a humanidade já produziu uma mudança dramática. Como poucas vezes, os últimos dias deixaram claro que a Amazônia não é importante apenas para quem vive no norte do país.

Então, é preciso redobrar a vigilância e os esforços para evitar queimadas, não só para não respirar a fumaça dos incêndios, mas porque a sobrevivência da humanidade depende de se distanciar do temido ponto de não retorno da destruição da floresta. 

33,2% foi o aumento do número de focos de incêndio entre junho de 2023 e o mês passado.

Havia leitura do mercado de que o BC jogava com uma das mãos amarradas.

Gabriel Galípolo - Diretor de política monetária do Banco Central, sobre o novo discurso de risco de alta no juro

Disputa entre poderes virou problema fiscal

A disputa de poder que transforma dinheiro de pagadores de impostos em refém tocou o limite da constitucionalidade, mas é um problema que vai além do confronto entre poderes, o que já é grave.

Em um país em que a dúvida sobre o compromisso do governo Lula com a estabilização da dívida pública já teve eco no bolso da população, envolve um problema fiscal, que se reflete em inflação pela via da alta do dólar.

Em sete anos, o valor destinado a emendas parlamentares saltou 500%. Para ser exato, 500,8%. E a base de dados que leva a esse cálculo é do próprio Senado.

O ano da primeira grande explosão foi 2020, não por acaso o da pandemia. A justificativa era de que liberar recursos por essa via acelerava a chegada do dinheiro na ponta, onde seria mais necessário.

A emergência da covid-19 já não existe, o formato RP9 (apelidado de orçamento secreto por volume e falta de transparência) foi extinto. Investigações apontaram fraudes grosseiras na destinação dos recursos e... as destinações seguem elevadíssimas.

Só o pagamento previsto para este ano (R$ 29,8 bilhões, conforme os dados do Senado) é quase igual à diferença entre cumprir a meta de déficit zero e usar a margem de tolerância prevista no arcabouço fiscal, de R$ 28,8 bilhões. _

Almoço para dividir as fatias

Um almoço deve ter hoje o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o advogado-geral da União, Jorge Messias, como representantes do Executivo na negociação com líderes do Legislativo. O prato principal serão as fatias do orçamento hoje abocanhadas pelas emendas parlamentares. O encontro deve ocorrer no Supremo Tribunal Federal (STF), para juntar todos os envolvidos no imbróglio. Costa, como se sabe, é o "personal articulator" do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), desde sua briga com Alexandre Padilha. _

Bolsa bate recorde de olho em Fed e BC

O novo cenário se deve às expectativas de corte no juro nos Estados Unidos em setembro e a manifestações do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo. Ele afirmou ontem que a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rádio Gaúcha - "quando tem que aumentar o juro, tem que aumentar" - foi essencial para evidenciar que não há interdição a eventual alta no juro.

Galípolo reforçou que o Copom está "indo para a próxima reunião (17 e 18 de setembro, para quando se espera o primeiro corte de juro nos EUA) com as alternativas abertas". No boletim Focus de ontem, a projeção dominante ainda é a manutenção da taxa Selic em 10,5%. Parece que o mercado se satisfaz só com a admissão da possibilidade de alta, como afirmara em entrevista à coluna o economista André Perfeito. _

Agora, debate com Guedes ficou para novembro

No entanto, por problemas de agenda, foi necessário mudar a data, de novo. Agora, o Fecomércio-RS Debate com o ex-ministro da Economia Paulo Guedes está marcado para dia 4 de novembro, das 11h30min às 14h, na sede da entidade, em Porto Alegre.

Quem já adquiriu o ingresso tem entrada válida para a nova data. Quem não puder participar em decorrência da alteração deve enviar e-mail para eventos@fecomercio-rs.org.br. Novos tíquetes, para quem ainda não tem, podem ser comprados na plataforma Sympla. _

GPS DA ECONOMIA

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