terça-feira, 2 de setembro de 2014


02 de setembro de 2014 | N° 17910
FABRÍCIO CARPINEJAR

Inútil secador de mãos

Não sou fã do secador de cabelos.

Porque as mulheres o usam para nos acordar de modo traumático, é terrível despertar da paz do sonho com seu barulho ameaçador, lembra sirene de ataque de bomba, lembra sirene de bombeiro.

Porque as mulheres procuram conversar sério no momento em que ligam o motor, determinadas a criar a suspeita de surdez no homem.

E ainda pelo motivo de o aparelho nunca ter colaborado para apaziguar os tufos da infância e da adolescência. Somente piorava meus redemoinhos, que se transformavam em terremotos escolares. Nem o boné acalmava o topete involuntário nas costas da cabeça.

Mas minha implicância com o secador de cabelos é menor do que minha irritação atual pelo secador de mãos, que costuma dominar as paredes dos banheiros de shoppings.

É uma invenção inútil para o público masculino. Respeito sua importância ecológica de economia de toalha de papel. Entretanto, não tem nenhuma serventia prática.

O homem é ansioso e funcional. Não suporta ficar parado muito tempo diante daquele jato morno. E não é quente, é morno. Pateticamente morno. Tente colocar suas mãos na saída de um aspirador de pó: é o mesmo efeito.

Constrange a maior parte dos usuários, quase como fazer as unhas. É esticar os dedos para a palmatória do vento. Ninguém tem paciência. Todos partem com as palmas molhadas, pegajosas, evitando cumprimentar conhecidos na saída do toalete.

Uma das vantagens de o homem ir ao banheiro é a rapidez. O secador de mãos tem como objetivo criar um congestionamento nas pias. Para realmente secar as mãos ali, teríamos de permanecer 10 minutos parados, sem nos movimentar. Se levássemos a cabo a ideia, haveria fila de balada na porta dos cavalheiros.

Homem pretende mijar e deixar o ambiente correndo. Ao permanecer estático no local, já receberá a desconfiança dos outros. Parece que está espiando instrumentos alheios e querendo programa.


Eu sempre seco minhas mãos nas calças. Infelizmente, o molhado das pernas sugere outra coisa. A culpa desta vez não é minha.