quarta-feira, 3 de julho de 2024



03 DE JULHO DE 2024
MÁRIO CORSO

As penas dos dinossauros

A ciência nos deixa inquietos. Existem mais novidades do que tempo para estudá-las. O que aprendemos na escola está atrasado. Os indivisíveis átomos, com seus prótons, nêutrons e elétrons, não estão errados. Mas na verdade não são elementares, e sim compostos por 17 partículas fundamentais, agrupadas em três categorias: os quarks, léptons e bósons.

Enquanto o micromundo das partículas se complexifica, o macromundo expande-se. Nosso planeta, que já foi centro do universo, é cada vez mais cosmicamente insignificante. Circunda uma estrela, dentro de uma galáxia, que abriga entre 200 bilhões e 400 bilhões de estrelas. Já a Via Láctea é uma galáxia entre aproximadamente dois trilhões de galáxias.

A biologia aposentou a classificação que conhecemos: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. Agora vale a classificação cladística, que organiza os seres pela evolução, pelos ancestrais em comum.

Embora trabalhoso, é um privilégio poder acompanhar os avanços da ciência. Sempre me entusiasmei até que tropecei em algo inaceitável. A cladística, citada acima, deixa claro que os dinossauros não foram extintos. As aves são dinossauros.

Atenção, elas não provêm dos dinossauros, elas são dinossauros. Nem todo dinossauro é ave, mas toda ave é dinossauro.

O que surpreende na cladística é que tenha demorado tanto a existir. É a mais lógica das classificações. Meu problema é outro, novos fósseis, mais bem conservados, nos mostram que a posse de penas era mais ampla e antiga do que imaginávamos.

O golpe fatal veio ao encontrarem um ancestral dos dinossauros, com penas. Os paleontólogos concluíram que as penas não são características das aves, mas de todos os dinos.

Eu aceito o fato, mas sob protesto. O que eu e os amantes de dinossauros faremos com a imagem que temos deles? Para nós, eles não são apenas animais, são uma fauna mágica, a prova de que os dragões existiram. Eles operam como Titãs, antepassados míticos, poderosos no passado, dominaram o mundo, e depois sumiram.

Caros paleontólogos, nós não merecemos que eles percam a derme crocodilesca e sejam representados com penas coloridas, com penachos. Quem vai respeitar um galinhão gigante?

MÁRIO CORSO

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