sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015


13 de fevereiro de 2015 | N° 18072
ARTIGO ZH - MOISÉS MENDES*

O JUIZ MORO

A grande interrogação em torno do desfecho da Operação Lava-Jato é esta: até onde irá o juiz federal Sérgio Moro para que se cumpra por completo a elucidação do que aconteceu na Petrobras?

Para alguns, elucidar é punir apenas o período do PT no governo. Para outros, o juiz terá sido parcial se não voltar ao tempo do PSDB no poder.

O juiz Moro tem a confiança de quem acha que irá pegar apenas o PT. Tanto que tucanos e simpatizantes o exaltam com vigor na internet como o novo Joaquim Barbosa, que fez o serviço no julgamento do mensalão.

A esperança dos petistas se sustenta na certeza de que Moro não pode ser um novo Barbosa, que triturou os corruptos do partido e, quando achavam que pegaria os corruptos dos outros, despediu-se do Supremo com uma aposentadoria precoce. O PT acha que, se escapou do julgamento do mensalão mineiro no Supremo, o PSDB não pode escapar agora do juiz do petrolão.

Esse é o duelo da Operação Lava-Jato. Os velhos corruptos alegam que roubaram pouco e há muito tempo. Os novos querem saber se algum ovo da Petrobras não foi chocado em ninhos tucanos. A maioria do povo, sem partido, quer que ambos sejam enjaulados.

Esta semana, um empreiteiro delator finalmente contou que o cartel roubava desde o início dos anos 90, repartindo obras, superfaturando e pagando propinas. Um ex-gerente jurídico da Petrobras repetiu o mesmo.

Confirmou-se a suspeita óbvia de que a Petrobras foi raptada pelos empreiteiros. Cerveró, Cunha, Barusco e Duque eram seus capachos.

Não é mais indício, é a confissão de quem comandava o esquema. Foi-se a tese de que grupos poderosos eram vítimas de achacadores. Eles montaram a quadrilha.

Agora, é esperar para ver até onde irá o juiz Moro. Os políticos com foro privilegiado não são da sua alçada, estão sob os cuidados do Supremo. Se não quiser continuar seu trabalho catando laranjas pequenas, como essa empresa de Santa Catarina flagrada na semana passada, Moro terá de ir mais fundo.

E ir mais fundo é voltar no tempo e farejar os rastros do cartel nos anos 90. Os delatores devem estar loucos para ajudar.


Esperemos para ver se o juiz Moro fará esse caminho de volta, para que depois não digam que não recolheu laranjas graúdas, e com penas coloridas, deixadas lá atrás.