quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015


25 de fevereiro de 2015 | N° 18084
EDUCAÇÃO REDE ESTADUAL

PROFESSORES A MENOS E ESCOLAS FECHADAS

PARTE DOS 970 MIL ALUNOS que iniciam o ano letivo amanhã terá de estudar em prédios emprestados, enquanto a Secretaria da Educação calcula ter de contratar 910 professores para repor os desfalques

Os alunos estudam e os professores ensinam, mas quem parece não aprender a lição é o governo do Estado. Amanhã, em um roteiro que se repete, os matriculados na rede pública começam o ano letivo deparando com a falta de professores e escolas em obras. A situação é tão precária que parte deles terá de ser transferida para prédios emprestados, ou até adiar o início das aulas.

O novo secretário estadual da Educação, Vieira da Cunha, admite as deficiências. Anuncia que chamará 540 professores já aprovados em concurso, além de contratar mais 370 em caráter de emergência. O levantamento de 910 profissionais que faltam para completar o quadro é contestado pelo Cpers/Sindicato, que aponta número 10 vezes maior.

Vieira da Cunha reconhece que nem todas as 87 escolas em conserto serão concluídas a tempo. Diz ter pedido R$ 50 milhões à Secretaria Estadual da Fazenda para acelerar os trabalhos. O secretário lamenta que alguns educandários terão de transferir turmas para outros prédios – alugados ou emprestados –, porque não será possível dar aula na própria sede. Até ontem, a Secretaria Estadual da Educação (SEC) não sabia quantos colégios serão atingidos pelas remoções temporárias.

PROFESSORES À ESPERA DO PISO

Em função do atraso nas obras, e como não existe alternativa de outro imóvel, o secretário não descarta a possibilidade de que escolas necessitem adiar o início das aulas. Se isso ocorrer, garante que serão poucas e por breve período.

Além da falta de professores e de edifícios inacabados, haverá a insatisfação dos professores a contornar. A presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, diz que a categoria está recebendo um valor muito defasado em relação ao piso nacional, após o último reajuste de 13,01%, concedido pelo governo federal.

– Queremos que o governo aplique logo os 13,01%, para que a diferença não aumente como uma bola de neve – destaca Helenir, que calcula estarem faltando quase 10 mil professores na rede estadual.

Apesar das adversidades, haverá um esforço, na maioria dos colégios, para receber os alunos em ambientes agradáveis. A Escola Estadual de Ensino Médio Itália, de Porto Alegre, está com dois jardins floridos – à entrada e no pátio – para recepcionar os 1,2 mil estudantes, 70 professores e 11 funcionários. A diretora, Márcia Masiel Schneider, diz que banheiros, bebedores e salas receberam melhorias:

– Nossa escola ficou bem bonitinha, modéstia à parte, e isso motiva os alunos.

O secretário promete investir na qualidade do ensino. Como prioridade, tentará diminuir a violência e a intolerância dentro das escolas. Também apostará no tempo integral, tendo por inspiração os Cieps, idealizados por Leonel Brizola e Alceu Collares.

– Estamos identificando as comunidades que desejam, e onde há condições físicas para a implantação do turno integral – ressalta.


NILSON MARIANO | NILSON.MARIANO@ZEROHORA.COM.BR