quinta-feira, 17 de agosto de 2017



16 DE AGOSTO DE 2017
OPINIÃO DA RBS

INGERÊNCIA DE RISCO

Por mais que, numa democracia, as decisões do Executivo precisem do aval do Congresso, uma crise fiscal tão grave como a que o país enfrenta hoje exige alternativas acima de tudo técnicas. Na revisão das metas fiscais, incluindo a decisão de elevar o déficit primário para R$ 159 bilhões neste ano e no próximo, anunciada ontem, há um excesso de ingerência de integrantes de partidos da base de apoio ao governo. A maioria deles está entre os que impediram na Câmara a investigação do presidente da República e agora cobram a fatura. O ônus fica com todos os brasileiros.

A área técnica do Planalto herdou um país em crise, superestimou as receitas e não conseguiu atuar como deveria no lado das despesas. Ainda assim, é quem tem competência e isenção para decidir sobre o que precisa ser feito para recolocar o país no rumo, sem pressões por parte de interesses ligados à campanha eleitoral.

Ao ceder em excesso à interferência de políticos na expectativa de continuar contando com seu apoio, o governo fez mais do que contribuir para o atraso na divulgação das medidas. Ajudou a colocar em risco algo muito sério, que é a credibilidade do país perante os investidores.

Nos últimos anos, o setor público brasileiro tem sido vítima de sucessivas crises fiscais justamente por excessos populistas na condução da política econômica. A solução para uma crise nas dimensões da atual depende da colaboração do Congresso, não de pressões por parte de quem insiste sempre apenas em levar vantagem.

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