sexta-feira, 11 de dezembro de 2020


11 DE DEZEMBRO DE 2020
FIM DA ESPERA

Bolsonaro inaugura ponte e trecho de duplicação da BR-116

Durante a cerimônia de entrega da nova travessia, presidente exaltou ações do governo no combate ao coronavírus 

Seis anos após cravada a primeira estaca de uma das obras viárias mais aguardadas pelos gaúchos, a nova ponte sobre o Guaíba foi inaugurada na manhã de ontem, em Porto Alegre. Juntos, o presidente Jair Bolsonaro e o governador Eduardo Leite descerraram a placa que simboliza a liberação parcial do tráfego, com a abertura de três de seis vias de acesso. Bolsonaro também inaugurou mais um trecho da duplicação da BR-116, entre Pelotas e Guaíba.

Nas pouco mais de três horas em que permaneceu no Estado, sempre sem máscara, o presidente cumprimentou motoristas à beira da rodovia, dirigiu um veículo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), garantiu a intenção de adquirir vacinas para imunizar a população contra a covid-19 e disse que o Brasil passa pelo "finalzinho da pandemia", embora haja registro de crescimento nas mortes em 22 dos 27 unidades federativas.

Bolsonaro chegou a Porto Alegre pouco antes das 10h, acompanhado por um séquito de ministros e parlamentares. Num palco montado sobre a estrutura da nova ponte, discursou por 15 minutos. Começou dizendo se sentir em casa no Rio Grande do Sul, lembrou que a construção da travessia passou por três governos e salientou a vontade de concluir todas as obras "possíveis de ser terminadas".

Em seguida, Bolsonaro defendeu a ação do governo no combate ao coronavírus, citou o auxílio emergencial pago a 67 milhões de pessoas, bem como os repasses feitos a Estados e municípios e disse:

- Estamos vivendo o finalzinho de pandemia. O nosso governo, levando-se em conta outros países do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhor se saíram no tocante à economia.

Hidroxicloroquina

O presidente ainda voltou a defender o uso de hidroxicloroquina no tratamento da covid, a despeito da ausência de comprovação científica sobre a eficácia do medicamento. Como exemplo, citou o emprego da substância na África, onde pacientes de malária e covid teriam sido curados das duas doenças.

- Precisa ser muito inteligente para entender que a hidroxicloroquina serve para as duas coisas? Não precisa - argumentou, relacionando suposta eficácia do medicamento à queda no índice de mortos por milhão de habitantes.

Ao reafirmar que "saúde e economia devem andar de mãos dadas", Bolsonaro destacou o aumento da inflação - o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na terça-feira pelo IBGE, apresentou o pior resultado para novembro nos últimos cinco anos, com alta de 0,89%. Dirigindo-se ao deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, nominou a alta nos preços do arroz e do óleo de soja, mas comemorou que "o campo não parou":

- É menos ruim ter inflação do que desabastecimento.

Bolsonaro citou o emprego do Exército no apagão energético ocorrido no Amapá, na conclusão de uma barragem para abastecimento de água em Bagé e em obras viárias país afora. Quase no fim do discurso, fez questão de cumprimentar dois deputados gaúchos, Lucas Redecker (PSDB) e Marcelo Moraes (PTB), filhos de ex-colegas seus na Câmara, Júlio Redecker, falecido em 2007, e Sérgio Moraes, cujo nome Bolsonaro esqueceu.

- Pelo amor de Deus, cadê o nome dele aqui, pessoal? É aquele cara: "Tô me lixando pra imprensa" - exemplificou, citando frase dita por Moraes em 2009, quando era do Conselho de Ética da Câmara.

Moradores

Só no encerramento do discurso, Bolsonaro voltou a falar da ponte, ao agradecer o trabalho dos operários. Prevista inicialmente para ser entregue em 2017, a obra promete gerar alívio no trânsito na ligação entre a Capital e a metade sul do Estado. Contudo, três ramos da interseção com a freeway só devem ser terminados em 2021.

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), é preciso ainda realocar cerca de 600 famílias que residem nas comunidades Tio Zeca e Areia, no bairro Humaitá. O órgão alega que os reassentamentos não ocorreram porque a pandemia impediu audiências públicas e outros trâmites obrigatórios. Pela manhã, moradores da área protestaram pedindo audiência judicial que defina as indenizações.

Já o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, justificou a inauguração mesmo sem que a obra esteja totalmente concluída:

- Me perguntam: e o resto da obra? Continua sendo prioridade, mas a lógica é essa: se está pronta, vamos liberar logo para a população usar.

Ao fim da solenidade, Bolsonaro dispensou a caminhada sobre um trecho da ponte. De helicóptero, seguiu para Barra do Ribeiro, onde entregou um trecho de 27 quilômetros da duplicação da BR-116.

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