terça-feira, 25 de outubro de 2022


25 DE OUTUBRO DE 2022
NÍLSON SOUZA

Meu candidato

Antes de caminhar cinco quadras da minha casa até a Escola Estadual Professores Langendonck no próximo domingo, para digitar meus votos na urna eletrônica e dar por encerrado o mais angustiante processo eleitoral que já acompanhei em meio século como eleitor, tenho um encontro marcado como meu candidato preferido para encaminhar nosso país para um futuro digno. Será na próxima sexta-feira, no centro de Porto Alegre, onde ele reunirá partidários fieis, simpatizantes e curiosos de todos os matizes ideológicos, de todas as origens étnicas e de todas as crenças, sem qualquer distinção.

Refiro-me a Sua Excelência, o Livro.

No final da semana, depois de dois anos de restrições impostas pela pandemia, começa a 68ª Feira do Livro de Porto Alegre, com mais de 170 expositores, cerca de 150 autores e totalmente presencial. Sob o inspirado slogan "uma boa festa tem história", o evento promovido pela Câmara Rio-Grandense do Livro vem sendo isso mesmo desde 1955, uma celebração da cultura, da educação, da ciência e da esperança em um país melhor.

Quando entro naquela escolinha de periferia para votar, gosto de percorrer salas e corredores enfeitados por murais com trabalhos pedagógicos, desenhos coloridos e avisos diversos para estudantes e professores. Sei que aqueles recados estão lá porque um dia alguém transformou suas ideias em sinais gráficos e outros alguéns pesquisaram muito e trabalharam duro para deixar conhecimento para a posteridade. Os livros são o registro de nosso andar pelos séculos e ajudam a dar sentido à história da humanidade.

Claro que livros podem ser bons e maus, pois a página em branco recebe o conteúdo que seu autor decidir registrar. E o leitor mais crédulo pode ser tão iludido quanto o são alguns usuários de redes sociais que não questionam as informações que recebem. Mas quem passa pelos bancos escolares, com a supervisão e a orientação de mestres dedicados, tem mais chance de sair capacitado para interpretar adequadamente o que lê e para não repassar conteúdos falsos ou tendenciosos.

Na fila do voto do colégio, leio com atenção os murais e me emociono com a visão dos trabalhos infantis. Eles me fazem pensar que aquelas crianças que frequentam o Langendonck e outras escolas do país terão a oportunidade de se tornar bons cidadãos, quem sabe até mesmo lideranças políticas melhores do que as atuais, mais focadas em insultos, mentiras e armas do que na educação e nos livros.

NÍLSON SOUZA

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