sábado, 7 de junho de 2014


08 de junho de 2014 | N° 17822
PAULO SANT’ANA

A morte de um ídolo

Corro para o jornal no sábado pela manhã, quando sou sacudido como todos pela morte do ex-jogador do Internacional Fernandão.

Ele estava em um helicóptero, junto com quatro amigos que também morreram, talvez de passeio por uma região de veraneio em litoral de rio em Goiás.

Era um ídolo colorado. O melhor jogador do time vermelho na conquista do título mundial de clubes pela agremiação do Beira-Rio.

Ironicamente, o gol do título contra o Barcelona foi marcado por Gabiru, que entrou no lugar de Fernandão, lesionado.

Tinha apenas 36 anos o Fernandão, era jovem, podia estar jogando ainda futebol. O Zé Roberto do Grêmio é bem mais velho e está aí jogando.

Era jovem e a morte o colheu quando estava se preparando para comentar a Copa do Mundo pelo canal SporTV.

Só para salientar a grandeza de Fernandão no Internacional, me apanhei no sábado, quando recebi a notícia da morte, com os olhos marejados de lágrimas. Afinal eu tinha, embora gremista, que acordar minha filha e minha mulher, coloradas doentes, para dar-lhes a notícia do infausto acontecimento.

Sempre que vejo assim uma morte tão surpreendente, me lembro de um sexteto do meu poeta imortal Augusto dos Anjos:

“É a morte, esta carnívora assanhada

Serpente má, de língua envenenada

Que tudo que acha no caminho come

Sinistra mulher que a 1 de janeiro

Saiu para matar o mundo inteiro

E o mundo inteiro não lhe mata a fome”

Fernandão marcou o gol número 1000 da história dos Gre-Nais.

O internacional e seus torcedores teriam de mandar erguer em algum canto do Beira-Rio um mausoléu para Fernandão, mesmo que ele seja natural de Goiás.


É que o coração não tem fronteiras.