08
de junho de 2014 | N° 17822
PAULO
SANT’ANA
A morte de um
ídolo
Corro
para o jornal no sábado pela manhã, quando sou sacudido como todos pela morte
do ex-jogador do Internacional Fernandão.
Ele
estava em um helicóptero, junto com quatro amigos que também morreram, talvez
de passeio por uma região de veraneio em litoral de rio em Goiás.
Era
um ídolo colorado. O melhor jogador do time vermelho na conquista do título mundial
de clubes pela agremiação do Beira-Rio.
Ironicamente,
o gol do título contra o Barcelona foi marcado por Gabiru, que entrou no lugar
de Fernandão, lesionado.
Tinha
apenas 36 anos o Fernandão, era jovem, podia estar jogando ainda futebol. O Zé
Roberto do Grêmio é bem mais velho e está aí jogando.
Era
jovem e a morte o colheu quando estava se preparando para comentar a Copa do
Mundo pelo canal SporTV.
Só
para salientar a grandeza de Fernandão no Internacional, me apanhei no sábado,
quando recebi a notícia da morte, com os olhos marejados de lágrimas. Afinal eu
tinha, embora gremista, que acordar minha filha e minha mulher, coloradas
doentes, para dar-lhes a notícia do infausto acontecimento.
Sempre
que vejo assim uma morte tão surpreendente, me lembro de um sexteto do meu
poeta imortal Augusto dos Anjos:
“É a
morte, esta carnívora assanhada
Serpente
má, de língua envenenada
Que
tudo que acha no caminho come
Sinistra
mulher que a 1 de janeiro
Saiu
para matar o mundo inteiro
E o
mundo inteiro não lhe mata a fome”
Fernandão
marcou o gol número 1000 da história dos Gre-Nais.
O
internacional e seus torcedores teriam de mandar erguer em algum canto do
Beira-Rio um mausoléu para Fernandão, mesmo que ele seja natural de Goiás.
É
que o coração não tem fronteiras.