sábado, 6 de julho de 2024


06 DE JULHO DE 2024
SEXO

SEXO

A maioria dos antidepressivos de fato interfere na libido e acaba fazendo com que a mulher tenha desde falta de desejo até dificuldade para o orgasmo. Alguns ansiolíticos também, porque vão sedar a pessoa, de forma que ela perde um pouco do interesse em sexo - afirma a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo.

A intensidade dos efeitos varia de pessoa para pessoa: enquanto alguns indivíduos medicados sequer percebem alteração na função sexual, outros têm total prejuízo, não tendo a mínima vontade de transar, explica Carmita.

Os mecanismos envolvidos nessa baixa são variados, mas o mais comum é o fato de que alguns medicamentos inibem a recaptação de serotonina pela célula, um neurotransmissor que inibe impulsos. É o caso de fármacos como sertralina, paroxetina, fluvoxamina, fluoxetina e citalopram, por exemplo. _

O desejo é multifatorial, leva em conta fatores biopsicossociais, portanto, se a pessoa está deprimida, se o trabalho não vai bem, se a relação não tem trazido felicidade, por exemplo, pode ficar mais difícil gozar. Todas essas questões merecem a atenção de quem quer melhorar a qualidade da vida íntima.

- Se passados cerca de dois meses desde que parou de usar, ela não recupera o resultado de antes, não é por causa do remédio - salienta Sandra. Vale saber que, para a paciente cuja medicação teve efeito na diminuição da libido, provavelmente essa situação vai se manter enquanto ela seguir com o tratamento - ao fim dele o desejo tende a voltar ao normal. E se durante o processo a libido melhorar, detalha a médica, provavelmente não será porque o indivíduo se adaptou ao medicamento, e sim porque encontrou jeitos de compensar esse problema. _

Para quem está usando medicação psiquiátrica, o orgasmo tende a demorar, mas está longe de ser impossível. Uma estratégia para encontrar prazer no novo contexto é ter paciência e separar um tempo para os momentos de intimidade, aconselha a ginecologista e sexóloga Sandra Scalco.

Outro passo para contornar a situação é levar a conversa para o psiquiatra que receitou o tratamento. Em alguns casos é possível optar por uma medicação que tenha menos efeitos na sexualidade, aponta a médica:

- Ela tem que levar essa queixa de forma proativa. Meu recado para os profissionais é que perguntem efetivamente sobre isso, coloquem como pauta importante, inclusive, porque, em termos de qualidade de vida, estar com o pilar do desejo sexual funcionando bem pode ajudar a melhorar da depressão. _

Pequenas mudanças de contexto já contribuem muito: vale apostar num local diferente, num tipo de estímulo que ainda não havia tentado e, para os casais, fortalecer os pilares do relacionamento, como conversar e sair mais para se divertirem juntos.

Sandra explica que as pessoas tendem a fazer sexo e se masturbarem quase sempre do mesmo jeito, focando os estímulos nas zonas onde já estão acostumadas a terem bons resultados. Só que a partir de algum agravo, como o uso de medicação, é preciso ressignificar o jeito de fazer sexo:

- Às vezes, basta fazer pequenas mudanças. Usar a imaginação é um baita recurso porque potencializa tudo. A maioria das pessoas fica muito focada no conjunto de estímulos do momento, que são o toque e a penetração, e não utiliza a imaginação. _

LETÍCIA PALUDO

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