sábado, 21 de março de 2020



21 DE MARÇO DE 2020
SINAL ABERTO

É DO SUL QUE VEM MINHA GARRA

Mesmo após apresentar a previsão do tempo em telejornais do Rio de Janeiro, Anne Lottermann confessa sentir um frio na barriga no Jornal Nacional. Natural de Santa Rosa, ela garante que sua força vem das raízes gaúchas. E se derrete ao falar tanto dos filhos quanto de sua antecessora no posto, Maju Coutinho.

Como foi estrear oficialmente no posto, em rede nacional?

Bateu um nervosismo. Na verdade, fico nervosa até hoje. Quando você para e pensa o peso que tem, ou quantas pessoas estão te assistindo naquele momento, acaba ficando um pouco mais nervosa. Mas estreia em rede nacional não era algo totalmente novo para mim. Eu já fazia as previsões nos jornais da GloboNews, no Edição das 16h, com a Christiane Pelajo. Já tinha esse gostinho de rede nacional. Mas é diferente.

Chamou a atenção pedires um tempo para estares inteira no final do ano letivo dos teus filhos. Como foi essa decisão?

Essa foi uma questão que nem partiu de mim. Partiu da direção fazer essa transição com calma, sem pressa, e foi isso o que acabou acontecendo. Em novembro, comecei a vir mais para São Paulo para procurar escolas, residência. E, quando houve a mudança no final do ano, eu já tinha toda a estrutura necessária para realizar a mudança com minha família. Felizmente, tive a sorte de achar uma casa rápido, uma escola para meus filhos que me agradasse também bastante rápido, e tudo foi se encaixando da melhor forma possível.

Como está sendo se dedicar à maternidade e a esse grande momento profissional?

A maternidade e esse momento estão sendo meus dois principais papéis no momento. Estou tentando dividir 50/50 e até aproveito para pedir compreensão aos meus amigos. Não é fácil tentar conciliar todas as tarefas que temos no dia a dia. Vou me desdobrando e acredito que, quando existe verdade no relacionamento, a criança entende muito mais esse processo de a mãe estar trabalhando um pouco mais. Quando chego no trabalho, eu fico 100% voltada para tocar as tarefas do dia e, quando estou em casa, é a mesma coisa. Mesmo com a correria, acredito que está funcionando de uma forma bem legal. Sou a melhor profissional que posso ser e sou a melhor mãe que posso ser.

Gael e Leo já curtem a mamãe na TV?

O Gael e o Leo quase não me veem na TV. Agora que estou em São Paulo, eles acabam me assistindo um pouco mais. Quando trabalhava no Rio, eu chegava na escola deles, e os amiguinhos falavam que me viam na TV. Mas os meus filhos ficavam um pouco sem entender muito bem. Era engraçado porque os amiguinhos da escola escolhiam minha roupa, pedindo para ir de verde ou de roxo, e eu negociava se podia ir com a cor escolhida na blusa ou na calça. Até um dia que meu filho virou para mim e perguntou: "Mamãe, você é famosa?". Foi um momento engraçado, mas expliquei a ele que eu era jornalista e, por isso, aparecia às vezes na televisão. Agora, eles me assistem um pouco mais, mas acho que ainda não têm a noção do que, de fato, é o meu trabalho.

Chegaste a trocar figurinhas com a Maju?

Eu troco figurinha com a Maju até hoje. A Maju é um pessoa incrível, iluminada, e eu dei muita sorte de poder estar substituindo uma pessoa tão competente como ela. Às vezes, ainda nos falamos para pegar indicação de fonte, de informação, e ela me recebeu absurdamente bem. Me considero muito sortuda porque ela me acolheu, me abraçou, me mostrou tudo como funcionava e, de fato, é maravilhosa. Não é à toa que está onde está. A estrela dela brilha muito. E eu tenho certeza de que continuará brilhando muito pelo jeito simples, amiga, parceira.

Falaste nas tuas redes sociais de como o RJ te acolheu e, agora, estás em SP. Teu lado gaúcha sobrevive a tantas andanças?

A minha força, a minha dedicação, o meu foco e a minha coragem vêm da minha base, que é a base da família gaúcha. Tudo isso já está no meu DNA e não tem como tirar. Essas tradições do gaúcho estão muito presentes na minha raiz, na minha força que carrego até hoje. É do Sul que vem toda a minha garra para encarar todas essas mudanças. O gaúcho tem um pouco disso, de estar aberto para o mundo, receber bem as mudanças e se adaptar. Adoro chimarrão, mas acabo não tomando no dia a dia por falta de parceiro para tomar comigo. Mas sempre que tem alguém do Sul aqui, como minha mãe, meu pai, meus irmãos (ela tem uma irmã e um irmão, é a do meio entre os três) e algum familiar, com certeza, rola o chimarrão. Tem outras também, como o sagu, que amo de paixão, a bolacha da minha mãe, que ela sempre traz, e o tradicional churrasco gaúcho. O Rio me acolheu muito bem. Foi lá que construí minha família, onde tive filhos, e isso torna um lado muito afetivo da minha história com o Rio de Janeiro. São Paulo sempre teve uma história de recomeço para mim. É a terceira vez que estou morando aqui, desde que saí do Sul em 2001.

Voltas para rever as raízes em Santa Rosa ou no Rio Grande?

Confesso que vou menos do que gostaria. Pela distância que tem de Porto Alegre, com filhos pequenos, dificultava um pouco a logística. Com certeza, neste ano, estarei na cidade para visitar a todos.

É verdade que começaste como modelo e professora?

Sim, comecei como professora. Fiz magistério na cidade de Cândido Godói, e foi incrível. Devo muito ao curso de magistério, porque me preparou para encarar a vida de uma forma diferente. Vim para São Paulo para trabalhar com moda, mas vi que não era minha praia e resolvi fazer faculdade, mas no Rio de Janeiro.

Outra gaúcha, Patrícia Poeta começou no tempo e virou apresentadora, inclusive do Jornal Nacional. Tens esse sonho?

De tudo que sonhei até hoje, a vida me surpreendeu muito mais. Acho que recebi muito mais da vida do que tive capacidade de sonhar. Estou buscando sempre fazer o meu trabalho bem feito e vejo de que forma a vida vai me surpreender novamente. Sem cobrança, sem expectativa, mas, simplesmente, deixando a vida cumprir a sua missão na hora e no tempo certo.

Como está a receptividade do público no JN?

Percebo como as pessoas na rua me olham diferente. Trabalhar com previsão do tempo é, de certa forma, ajudar todo mundo a se planejar, levando casaco ou não, se coloca uma roupa mais leve. Estou gostando de receber esse carinho.

SINAL ABERTO

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