quinta-feira, 26 de março de 2020


26 DE MARÇO DE 2020

POLÍTICA +

Apertem os cintos, o piloto do país está sem rumo

No momento em que o país atravessa uma tempestade sem precedentes, os passageiros percebem que o piloto está sem rumo e, em alguns momentos, em surto. A tripulação, atônita, não sabe o que fazer, porque o comandante tem a última palavra e sugere que os passageiros circulem pelos corredores, mesmo correndo o risco de se ferir com os objetos que caem dos bagageiros em razão da turbulência.

A metáfora talvez não seja a mais apropriada, já que estamos em terra firme, paralisados pelo mesmo vírus que põe de joelhos as nações desenvolvidas e mata primeiro os mais velhos e os que têm baixa imunidade. Mas Bolsonaro é o comandante da nave Brasil e revela sinais de desequilíbrio emocional. Seu discurso da noite de terça-feira, em que voltou a subestimar o coronavírus e a chamar a covid -19 de "gripezinha" e "resfriadinho" e a sugerir que a vida volte ao normal e as escolas sejam reabertas, é alvo de críticas em todos os continentes.

A Europa, que conta mortos às centenas, todos os dias, assiste estarrecida à incapacidade do presidente brasileiro de aprender com os erros da Itália, da Espanha e da França, que subestimaram o poder devastador do vírus.

Os governadores se rebelaram. Aliado de primeira hora e um dos poucos remanescentes na frente de apoio a Bolsonaro, o goiano Ronaldo Caiado rompeu com o presidente, indignado com o que considerou um discurso irresponsável. Com os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio, Wilson Witzel, as relações já não eram boas, porque os dois são potenciais adversários em 2022.

Com maior ou menor ênfase, todos os governadores repudiaram a manifestação de pouco mais de quatro minutos de Bolsonaro. Pelo menos 24 dos 27 já emitiram sinais de que não afrouxarão as medidas de isolamento.

ROSANE DE OLIVEIRA

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