quarta-feira, 27 de abril de 2022


27 DE ABRIL DE 2022
EVENTO INTERNACIONAL

Reflexos da inovação gaúcha

Entre as 46 startups finalistas (confirmadas até domingo) no South Summit, evento internacional de empreendedorismo e inovação que ocorrerá em Porto Alegre de 4 a 6 de maio, 17 são gaúchas. Destas, nove surgiram e atuam na Capital. O South Summit deve atrair investidores-anjo brasileiros e do Exterior interessados em alavancar as novas empresas - o que pode, também, resultar em geração de riqueza para o Rio Grande do Sul.

Há ainda startups de Canoas, Santa Maria, São Marcos, Santa Rosa, Guaporé, Rio Grande, Santa Cruz do Sul e Lajeado (ver quadro). Os focos são diversos: educação, ambiente, agricultura, biotecnologia, transporte, ciência de dados, nanotecnologia, telecomunicações e educação financeira. Por terem raízes locais, muitas nasceram em incubadoras e ainda mantêm parcerias com universidades, o que contribui para uma ponte entre o ensino e o mercado.

Selecionadas

Criada em Porto Alegre em 2018, a Trashin quer reduzir o impacto ambiental do descarte de resíduos de empresas, prédios comerciais, condomínios e escolas - enquanto incentiva a criação de empregos em cooperativas de reciclagem e cria produtos feitos com o que seria lixo. Entre os contratantes, estão Colégio Israelita, ESPM, Unimed e Parque Ibirapuera, em São Paulo. Todos recebem estatísticas sobre o tipo de lixo produzido e como é possível melhorar a coleta - assim, apresentam os dados a seus clientes, funcionários e acionistas.

- Conectamos as cooperativas à indústria recicladora, que não consegue muitas vezes (receber o descarte de grandes empresas) porque têm volume baixo (de resíduo) ou porque não têm licença. E ajudamos as cooperativas a se profissionalizarem - diz o sócio- fundador e CEO, Sérgio Finger.

O segundo serviço é retornar resíduos gerados por empresas à própria cadeia produtiva, na forma de produtos feitos com lixo reciclado - processo chamado de logística reversa. Entre os clientes estão iFood, Tramontina, Unilever, Johnson & Johnson e Havaianas.

- Pegamos a embalagem para voltar à indústria, com ponto de coleta nas lojas, locais públicos e parceiros, ou pedimos para a cooperativa separar o produto. Ainda desenvolvemos produtos para a empresa vender, porque temos uma parte de pesquisa e desenvolvimento para isso - acrescenta Finger.

Com raízes gaúchas, a Trashin movimenta a economia local, mas também nacional: são 33 empregos diretos e quase 1 mil indiretos, envolvendo cooperativas e transportadores. Em 2021, a empresa pagou R$ 900 mil a cooperativas parceiras de reciclagem. Há ainda acordo com uma consultoria da Escola de Engenharia da UFRGS para desenhar produtos que empresas possam fabricar com o lixo reciclável.

Outro exemplo é a porto-alegrense Arpac, focada na agricultura, que chegou ao mercado em 2016 para aplicar defensivos agrícolas em lavouras com drones, e não aviões e tratores, como é o usual. Além de fabricar os próprios drones com dois metros de diâmetro (maiores do que o normal), a aplicação é precisa.

- Com o drone, tiramos foto da lavoura e, com uso de inteligência artificial, entendemos o que é o cultivo e o que é erva daninha, para aplicar o produto só na erva daninha. O benefício é na economia de herbicida - diz o fundador e diretor-executivo, Eduardo Goerl.

O maior mercado da Arpac é nas lavouras de cana-de-açúcar - a empresa presta serviço para cerca de 10% das usinas de São Paulo. Mas também há atuação em lavouras de soja, milho, café e arroz de diversas cidades do país e do Rio Grande do Sul.

Um terceiro exemplo vem de Santa Cruz do Sul. A ConnectBio usa a mesma técnica do exame para diagnóstico de covid-19, o PCR, para ajudar agricultores a melhorar a produtividade das lavouras. A ideia é mapear fungos e bactérias e entender se beneficiam ou prejudicam as atividades agrícolas. A solução é sem o uso de químicos.

Outra selecionada é a Diário Escola, de Canoas, que desenvolveu um aplicativo que ajuda no planejamento e nos trabalhos e avaliações de aula. A tecnologia permite que professores escrevam em uma agenda virtual. O serviço é conectado às catracas, e os pais recebem notificações quando o filho entra e sai da escola.

MARCEL HARTMANN

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