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15 DE SETEMBRO DE 2023
CAPA

Como se fosse na Argentina

Pela primeira vez em Porto Alegre, a companhia Madero Tango apresenta o espetáculo ?Tango Bonito? de hoje a domingo no Theatro São Pedro

É difícil encontrar alguém que não reconheça um verso sequer de Mi Buenos Aires Querido ou La Cumparsita. As músicas se acomodam bem no balaio de canções que todos já ouvimos ao menos uma vez na vida. São elas, junto a outros clássicos fundamentais do tango, que embalarão as próximas noites no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. A casa recebe o espetáculo Tango Bonito, da companhia argentina Madero Tango, hoje e amanhã, às 20h, e domingo, às 18h. Serão noites de drama, beleza e paixão. Para ver e ouvir.

- Ninguém sairá sem escutar ao menos uma música que conhece - adianta Cristiam Caram, diretor do Madero Tango. - É um show atraente até mesmo para quem não costuma consumir tango. É um espetáculo dinâmico, cheio de momentos de interação, e que mistura o clássico e o moderno - garante.

Tango Bonito traça um panorama histórico da expressão cultural mais tradicional da Argentina. A narrativa se inicia com o surgimento do tango, no século 19, ainda como um gênero que só podia ser dançado pelos homens, e aborda toda a sua evolução ao longo dos séculos. Na linha do tempo estão períodos como a chamada Era de Ouro do tango, ancorada por Carlos Gardel e Astor Piazzolla, a explosão das casas de tango em Buenos Aires e a modernização do gênero, com o surgimento de variantes como o tango eletrônico.

Para contar a história, cerca de 20 dançarinos sobem ao palco acompanhados por uma orquestra de tango que conta com piano, bandoneón, contrabaixo e dois violinos. As coreografias preparadas para o espetáculo exploram a sensualidade e a desolação que são típicas do tango, mas devem encantar os espectadores também pela complexidade dos movimentos realizados.

E é bem possível que os gaúchos reconheçam alguns dos passos apresentados pela companhia. Isso porque, além do tango clássico, o show pincela ritmos do folclore argentino que são bastante semelhantes às danças gaúchas de salão - o figurino usado pelos bailarinos nestes números lembra a pilcha rio-grandense, inclusive.

- O Rio Grande do Sul e a Argentina têm uma proximidade não só geográfica mas também cultural. Os gaúchos adoram o tango. Quando abrimos a pré-venda dos ingressos para a turnê no Brasil, há alguns meses, Porto Alegre foi a cidade que teve a maior procura - conta Caram.

Antes de chegar à Capital, o espetáculo passou por São Paulo e Curitiba, onde lotou todas as apresentações. Depois, a companhia segue para o Rio de Janeiro, onde finaliza a turnê brasileira. É a primeira vez que a Madero Tango se apresenta fora da Argentina.

- Ao menos 80% do nosso público é formado por brasileiros. Então, a nossa primeira turnê internacional tinha que ser no Brasil. É a nossa segunda pátria - diz o diretor da companhia.

Equipe

Fundada em 2004, a Madero Tango tem sede em Buenos Aires e em Puerto Iguazú, cidade vizinha à brasileira Foz do Iguaçu. As casas de tango da companhia figuram hoje entre as mais visitadas da Argentina, mas o espetáculo Tango Bonito não é o mesmo apresentado nos locais, pois foi pensado exclusivamente para a digressão brasileira.

Ainda assim, a intenção da turnê é oferecer ao público uma experiência semelhante às casas de tango portenhas.

- As casas da Madero Tango são espaços de cena-show, onde o espetáculo é apresentado junto a um jantar. Quisemos trazer esse espírito para a turnê e preparamos também uma experiência gastronômica. No intervalo do show, convidamos o público a provar empanadas e vinhos de bodegas argentinas. É uma verdadeira imersão - explica Caram.

Mas não é fácil trazer a Argentina para o Brasil. Somente a equipe artística do espetáculo conta com cerca de 30 pessoas, entre bailarinos e músicos, fora os profissionais envolvidos na área técnica. Outro desafio é o transporte dos instrumentos utilizados no show (entre eles, um piano), dos itens de cenografia (incluindo um telão LED de 30 metros quadrados) e das roupas usadas nas cinco trocas de figurino dos bailarinos.

O esforço logístico tem sido grande, conforme o diretor da companhia, mas a recepção calorosa dos hermanos brasileiros compensa muy bien.

- Imaginamos que teria uma boa repercussão, pois a Madero Tango é uma marca com peso no Brasil, mas o que está ocorrendo fica acima do que esperávamos - diz Caram. - Estamos muito orgulhosos e felizes por conseguir fazer algo dessa magnitude. Cada um de nós está colocando o seu grão de areia e contribuindo para a grandiosidade da turnê.

CAMILA BENGO