sábado, 14 de outubro de 2023


14 DE OUTUBRO DE 2023
BRUNA LOMBARDI

AS MÃES DA GUERRA

Não queria falar de guerra, porque não a entendo. Depois de tudo o que aprendemos na história, das guerras que destruíram e devastaram países inteiros, mataram milhões de pessoas no mundo, dizimaram gerações inteiras de jovens mortos inútil e injustamente, o terror continua.

Imagine o nosso país sob violentos ataques aéreos. Imagine se os fogos de artifício de qualquer comemoração, festa, futebol fossem bombas caindo e destruindo tudo. Não teríamos como nos proteger, pra onde fugir. Escolas, hospitais e edifícios bombardeados. E hoje, com o arsenal nuclear, não ia sobrar ninguém pra contar essa história.

E em nome do quê? Como se pode ser conivente com a guerra? O absurdo se torna real. O que chamamos de realidade é um inferno criado pela ganância de poder do homem, pela distorção de todos os valores, pela aceitação da barbárie.

Querem instaurar o caos, a miséria, o pavor e um rastro de sangue que nunca termina. Dizem que, na guerra, jovens que não se odeiam se matam por ordens de velhos que se odeiam, mas não se matam.

Porque, se os governantes e altos militares tivessem que ir, eles mesmos, para a linha de frente do ataque nas trincheiras, o mundo viveria na paz. É muito fácil para esses líderes dementes que desejam implantar regimes extremistas, totalitários absolutistas, distribuir armas e comandar.

Se milhões de jovens levados por fanatismo, idealismo, amor à pátria ou a um deus morrerem como formigas esmagadas, tanto faz. Nada disso tem importância. Esse assassinato em massa vira estatística. Esses jovens deixam de ser os filhos de suas mães, deixam de ser a esperança do futuro. São apenas números. Baixas de uma guerra qualquer, de um governo para quem eles nada significam.

Eu não queria falar de guerra. Eu queria falar de paz. Eu não queria falar dessa visão dolorosa de mortos, mas queria falar de suas mães, suas irmãs, suas mulheres. Falar sobre as mães coragem do mundo. Porque, se pudéssemos ver a guerra da perspectiva delas, a guerra não existiria. Se dependesse delas, seus filhos, seus irmãos, seus homens jamais seriam brutalmente assassinados.

Eu quero falar das mulheres, das vozes caladas, de seu instinto de proteger com seu amor, com suas orações, com as forças que lhes restam. A dor e o desespero de vivenciar o que não podem mudar e ainda assim lutam para sobreviver.

Enquanto esses homens trazem violência para o mundo com a irresponsabilidade de meninos delinquentes, as mulheres tentam remediar as consequências, alimentar e cuidar de crianças, idosos e feridos. E salvar, ao invés de destruir.

Mulheres resolvem problemas que não criaram, superam abusos e dificuldades e sempre encontram soluções. Em tempo de guerra, mulheres lutam pela paz. São guerreiras da paz, guerreiras da vida. Querem seus filhos vivos, querem seus homens tranquilos. Querem poder viver com dignidade.

Os líderes da guerra e do ódio são homens que competem por ego, por estupidez. São psicopatas que podem apertar um botão e destruir o planeta. São os homens que não escutam as mulheres.

BRUNA LOMBARDI

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