sábado, 23 de dezembro de 2023


23 DE DEZEMBRO DE 2023
POLÍTICA +

É preciso fazer justiça com o ministro Fernando Haddad

As previsões catastróficas feitas no final do ano passado, quando Fernando Haddad foi anunciado ministro da Fazenda, não se confirmaram. Pelo contrário. A bolsa de valores chega ao final de 2023 com recorde de pontos no Ibovespa, o dólar recuou e segue em trajetória descendente, a inflação caiu e voltou para o centro da meta, os juros vêm baixando de forma consistente, o desemprego caiu e o PIB de 2023 vai crescer acima das previsões dos economistas.

Caso se confirmassem as previsões dos catastrofistas de que o Brasil viraria uma Argentina ou uma Venezuela, Haddad levaria a culpa. Por que, então, os economistas e as entidades empresariais, sobretudo no Rio Grande do Sul, resistem tanto em lhe dar os créditos? Para setores alinhados com o bolsonarismo, todos os acertos vão para o prontuário do presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto, como se fosse ele o responsável pela política econômica do governo.

Campos Netto tem seus méritos, já que resistiu às pressões políticas e só concordou em reduzir o juro depois de ter certeza de que a queda da inflação era consistente. Mas Haddad está longe de ser um ministro decorativo e teve papel fundamental na colheita de bons resultados.

Até o insuspeito ex-presidente Michel Temer reconheceu que foi surpreendido positivamente com o desempenho do ministro. Na Faria Lima, coração do mercado financeiro de São Paulo, existe o reconhecimento de que Haddad tem pulso firme sem deixar de ser cortês.

As viúvas de Paulo Guedes não conseguem perceber que o ministro da Fazenda trava uma batalha cotidiana com os setores do PT que defendem a gastança a qualquer custo (Gleisi Hoffmann à frente) e têm urticária quando se fala de equilíbrio fiscal. Se querem o bem do Brasil e não compactuam com a tese do "quanto pior, melhor", deveriam trabalhar pelo fortalecimento do ministro da Fazenda. Por que não o fazem? Talvez por medo de que ele venha a se fortalecer como possível candidato à sucessão de Lula, mas faltam três anos para a eleição e ninguém tem nada a ganhar com a crise.

Justiça se faça também à ministra do Planejamento, Simone Tebet, que trabalha com discrição e se revelou uma aliada de Fernando Haddad no time do bom senso. Adepta do equilíbrio fiscal, Simone evitou discussões públicas com os detratores e manteve a serenidade em um ano que teria tudo para ser turbulento, mas não foi.

ROSANE DE OLIVEIRA

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