sábado, 30 de maio de 2015


30 de maio de 2015 | N° 18178
NÍLSON SOUZA

PIRATAS NA SERRA

Sei que as queridas leitoras e os distintos leitores não vão acreditar, mas estive na semana passada a bordo do Pérola Negra, ao lado do capitão Jack Sparrow. Com a calva coberta por um chapéu de três pontas, empunhei uma espada e, por breves momentos, me senti um pirata do Caribe no Museu de Cera de Gramado, o Dreamland, que reúne esculturas representativas de personagens reais e imaginários da política, da música, do esporte e do cinema.

Foi divertido contracenar com Johnny Depp na sessão de fotos, ainda que o talentoso ator tenha permanecido em silêncio, como exigia sua condição de estátua.

Tenho um certo fascínio por histórias de piratas desde que li na adolescência as aventuras do Capitão Blood, do escritor ítalo-britânico Rafael Sabatini. É um magistral relato da saga do médico irlandês Peter Blood, que se tornou um combatente dos mares caribenhos depois de ter sido preso como traidor pelos guardas do rei James II, da Inglaterra, e mandado como escravo para uma colônia na Jamaica. Lá por mil novecentos e antigamente, o romance de Sabatini foi transformado em filme, com Peter Blood sendo interpretado pelo lendário Errol Flynn.

Depp inspirou-se no veterano ator e no guitarrista Keith Richards, dos Rolling Stones, para criar o trejeitoso capitão Jack Sparrow, que lhe valeu a indicação ao Oscar em 2003.

Com essas referências na memória, também viajei pelos mares da imaginação enquanto brincava de pirata no veleiro improvisado do museu. Quando saí, depois de passar por presidentes americanos, pela família real inglesa, por astros do futebol e do cinema, chovia fino e uma névoa outonal cobria a bela cidade serrana, prologando a sensação fantasiosa.

Parecia que a qualquer momento, de uma daquelas esquinas molhadas e encobertas pela cerração, apareceria o navio de bandeira negra, com sua alegre tripulação de fantasmas esfarrapados.


E pensar que tudo isso começou com uma leitura adolescente. Como disse o mestre da fantasia Walt Disney, há mais riquezas nos livros do que na arca dos piratas da Ilha do Tesouro.