28
de maio de 2015 | N° 18176
ARTIGOS
- GRAZIELLE ARAUJO*
O HAITI É AQUI?
Ao
abrir os jorn a i s , d e p a r o com matéria s sobre a chegada de 300
haitianos no Estado. Entre as notícias, há informações de que receberão curso
de português e que uma empresa do ramo de estacionamentos já disponibilizou 50
vagas para os imigrantes. Uma discussão sobre de quem é a responsabilidade – federal,
estadual ou municipal – reina em cima do assunto.
Diante
de tudo isso, me questiono: e os brasileiros que estão sem emprego? E os
analfabetos que mal sabem assinar o seu nome? Será que chegamos mesmo a esse
estágio, o de receber imigrantes e dar a atenção devida a eles? Como ficam os
nossos?
Pode
ser hipocrisia, talvez até um certo egoísmo, mas penso que deveríamos fazer
primeiro a lição de casa. Sermos exemplos de um povo que beira o mínimo de taxa
de analfabetos, de desempregados e de famílias em vulnerabilidade. E a
realidade está, infelizmente, bem distante disso.
Vieram
ao Brasil buscar refúgio, enquanto, por aqui, estamos procurando o nosso lugar
ao sol. Triste constatação, mas não estamos prontos para resolver problemas que
não são nossos, mal administramos a nossa realidade. O Haiti está pior do que nós,
pura verdade.
Desde
o terremoto de 2010, a
população foi devastada. Mas o que a nossa pátria amada pode fazer, além de ser
gentil? Vamos resolver o problema dessas pessoas, que nos veem como uma única
luz no fim do túnel? Ou seremos responsáveis, mais uma vez, pelas coisas não
darem certo?
Longe
de mim ter pensamentos pessimistas, primo sempre pelo otimismo. Mas essa
infinidade de perguntas ainda está sem resposta. Somos exemplo? O que temos mesmo
para oferecer? Não há estratégia nacional organizada para acolher essas pessoas.
O
governo federal não sabe como melhorar a acolhida. Só que, antes disso, deveria
se dedicar a abraçar os milhares de lares que estão abandonados pelas
autoridades que prometeram mundos e fundos. Até agora, observamos. O corte de
benefícios, a errata de discursos e a incansável busca pelo tempo perdido. O
Brasil precisa primeiro tomar jeito para, depois, ter a manha e o orgulho de
resolver problemas que não nos pertenciam.
*Jornalista