Jaime Cimenti
Bibliotecas, livros e leitores nas
ruas
No
jornal Zero Hora de terça-feira passada, na página 10, assinada pela editora de
política Rosane de Oliveira, escrevendo diretamente da cidade alemã de
Erlangen, do interior da Alemanha, onde cobre a viagem do governador José Ivo
Sartori a convite do Sebrae, estão uma foto de uma estante de madeira, com
porta de vidro, na rua principal da cidade, com livros protegidos da intempérie,
ao alcance de quem quiser pegar de empréstimo ou de quem quer colocar livros à disposição
de outros leitores e um pequeno texto que acompanha a foto. Segundo Rosane, a
experiência funciona.
A
experiência é, de fato, bem interessante, e sei de casos parecidos em outros
lugares do mundo, inclusive Porto Alegre. Muitas pessoas têm livros sobrando em
casa e espaço de menos, especialmente nos apartamentos pequenos das grandes
cidades. De mais a mais, o conceito de que livros, ideias e histórias devem
circular tem sido aplicado. Sei que a Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul,
por exemplo, oferece exemplares nos átrios dos prédios para partes, advogados e
testemunhas que aguardam pelas audiências. Boa ideia.
Na
rua Florêncio Ygartua 151, bairro Moinhos de Vento, o Mercado Brasco
proporciona, numa das prateleiras da estante metálica da frente da loja, a
possibilidade de as pessoas deixarem livros ou levá-los para leitura. Atitude
simpática. Andei examinando o acervo. As condições dos livros e os títulos me
pareceram muito bons, e a ação tem tudo para seguir dando certo e ser imitada.
Soube
que, em alguns táxis e ônibus, pessoas estavam deixando livros. Acho que nos
parques e nas praças da cidade, especialmente nos fins de semana, ações
envolvendo trocas de livros podem ser feitas. Aliás, a Secretaria Municipal da
Cultura (SMC), há 13 anos, se não me engano, realiza a Feira de Troca de Livros
no Parque da Redenção, ação democrática e simpática em favor do livro, da
leitura e dos leitores, que merece referência, continuidade e apoio. A feira
está prevista em lei municipal.
Soube
que existe uma ação a ser executada em taxis, pela SMC, com apoio de uma
editora e de uma empresa comercial, para distribuição de livros nos táxis, em
sacolas, como incentivo à leitura. No Facebook, pessoas e grupos já trocam e
negociam livros, CDs e DVDs usados, é claro, aproveitando a tecnologia e
colocando para circular os acervos.
Fico
torcendo para logo ver, assim como livros, discos de vinil, CDs, DVDs e outros
produtos de comunicação e cultura circulando gratuitamente por aí, em benefício
de todos, na maior democracia. Por que só livros?
Troca
de livros em parques e praças, doações para escolas, bibliotecas, presídios,
hospitais, táxis, ônibus e outros locais são ações louváveis e que, a
praticamente custo zero, produzem efeitos benéficos para muitas pessoas.
A
propósito...
Estou
na direção do Instituto Estadual do Livro (IEL), órgão da Secretaria Estadual
da Cultura que tem, entre suas missões, incentivar a leitura e divulgar livros,
especialmente rio-grandenses. As ideias do texto acima são bem inspiradoras,
mas, claro, todos os que tiverem outras sugestões, por favor, encaminhem, que
serão muito bem-vindas.
O livro, a leitura e os leitores agradecem. Como se vê pelos
exemplos citados, a comunidade livreira tem mostrado generosidade, atributo
importante nesse nosso mundo conturbado. E generosidade delicada, anônima,
desinteressada. Não é pouco, não é?
Jaime
Cimenti