quarta-feira, 20 de maio de 2015


20 de maio de 2015 | N° 18168
DAVID COIMBRA

Um tiro na cabeça do pobre

Enquanto falávamos das dores da segurança pública no Estado, ontem, no Timeline, da Rádio Gaúcha, um vendedor de pastel levou um tiro na cabeça ao ser assaltado, na zona norte de Porto Alegre.

Um vendedor de pastel certamente não faz parte das elites. Quer dizer: a agressão que ele sofreu não pode ser contabilizada como redistribuição de renda ou justiça social com as próprias mãos. Não. Esse vendedor de pastel provavelmente é um homem pobre.

Pobres, como ele, não podem pagar vigilância privada em suas casas. Pobres não vivem em condomínios fechados. Pobres não viajam para fora do país nas férias. Pobres têm de usar o transporte coletivo e andar pelas ruas. Pobres precisam estar em frente a postos de gasolina para vender pastel.

Segurança pública é importante para todo mundo, mas muito mais para quem é pobre.

Sartori corta no fundamental

Existe preconceito ideológico contra o tema da segurança pública no Brasil. Segurança pública é coisa do Datena, é coisa de jornal sensacionalista, é coisa da Bancada da Bala. Segurança pública é assunto para Bolsonaros. Para gente da direita.

Mas não é assim.

A população clama por segurança pública. Quem você acha que elegeu a Bancada da Bala? Certamente não foi a elite branca.

Segurança pública é fundamental.

Sem segurança pública, o que é roubado do cidadão, mais do que seus bens, é a própria cidade.

Em vez de cortar o supérfluo, o governo Sartori está cortando no fundamental. Nenhum dinheiro vale a falta do fundamental.

Pelo fim da Secretaria de Segurança

O governador quer, mesmo assim, economizar com segurança pública? Vai aí uma sugestão: olhe para trás. Collares não tinha Secretaria de Segurança Pública. O comandante da Brigada e o chefe da Polícia despachavam diretamente com ele.

Um cabide de empregos a menos.

Mudança no Grêmio

Romildo trocou Felipão por Cristóvão.

Romildo quer um vice de futebol.

Só resta, agora, descobrir quem vai fazer gol.

Os caçadores de preconceito

Vi aquela matéria do Jornal Nacional que rendeu a polêmica da semana. Foi sobre um hacker preso aqui, nos Estados Unidos, por ter invadido os computadores de bordo de alguns aviões. Ele teria conectado um cabo àquela televisãozinha que fica na frente do assento do passageiro, e a outra ponta do cabo pôs em seu celular. Assim, ele acessou os computadores do comandante e fez o avião voar inclinado e tudo mais.

Na boa, acho que é mentira. O cara está se exibindo. Nem o MacGyver conseguiria fazer uma coisa dessas.

Mas isso não importa. O que importa é que o jornal mostrou cenas do tal hacker: ele é um careca que usa um grande cavanhaque. Um tipo esquisito. E foi justamente o que o Bonner comentou, depois da matéria. Que o sujeito era estranho, algo assim.

Dei um tapa na testa quando ouvi o comentário. Mas será que o Bonner não sabe que existem caçadores de gafes e preconceitos espalhados pelo Brasil?

Se não sabia, descobriu num instante. Antes de o jornal terminar, o apresentador já estava se explicando no ar, ele também tem amigos com aquela barbicha e tal...


O Bonner é ótimo jornalista. Tem de ser, ou não ocuparia o posto de editor-chefe do Jornal Nacional por tanto tempo. Mas alguém precisa dizer a ele que ele não é engraçado.