sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014


28 de fevereiro de 2014 | N° 17718
PAULO SANT’ANA

Prisão de luxo

Se por acaso um dia eu fosse condenado à prisão, torceria para que o tratamento no cárcere fosse igual ao que está sendo destinado aos condenados no mensalão no Presídio da Papuda.

Eles têm direito a visitas especiais sem qualquer horário estipulado, música ambiental, refeições especiais vindas de fora e trazidas por visitantes.

Dizem que os outros detentos do mesmo presídio estão fulos de inveja e que isso pode até vir a causar rebelião.

Além disso, aqueles condenados do mensalão que receberam penas de multa acessórias tiveram as multas pagas por vaquinhas providenciais.

Tratamento de luxo.

Além disso, José Dirceu e seus asseclas foram agora absolvidos pelo Supremo do crime de formação de quadrilha, com os protestos na sessão do presidente Joaquim Barbosa, que em suas manifestações deu a entender que havia gato na tuba dessa absolvição.

A maior mágoa que tenho da infância, a grande falta e trauma que trago da infância, foi não ter tido bicicleta.

Não me lembro bem se tive triciclo, mas bicicleta era um sinal de distinção para qualquer guri.

Esses dias, comprei uma bicicleta para exercitar os músculos das minhas pernas cambaleantes pela tontura.

Mas foi cruel que eu tenha sido um menino sem bicicleta e somente com 74 anos de idade tivesse recursos para comprar uma bicicleta. Notem bem que ainda assim não foi para minha diversão e sim para meus exercícios.

Um mínimo que um menino tem direito na infância é uma bicicleta.

Mas não me queixo, como adulto já troquei umas 11 vezes de carro zero-quilômetro.

Nem sempre a vida é feita de escolhas. Será? Eu, por exemplo, sempre tive as escolhas certas quando escolhi apressado. Quando meditei para escolher, quase sempre me quebrei.


Por exemplo: a escolha mais certa que fiz foi torcer pelo Grêmio. E a mais errada foi secar o Internacional.