sexta-feira, 18 de outubro de 2019



Livro nove histórias, de J.D. Salinger
/REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC

O escritor norte-americano J.D.Salinger (1919-2010) marcou presença na literatura mundial com o imortal romance O apanhador no campo de centeio, publicado originalmente em 1951 e até hoje reeditado em muitos lugares do mundo. Há poucas semanas a clássica narrativa mereceu nova e cuidadosa edição no Brasil, pela Editora Todavia, com tradução atualizada do professor e escritor Caetano W. Galindo. O fato foi destaque na mídia especializada.

Salinger é autor de outros livros com histórias que foram e são sucesso, como Franny&Zooey (1961); Pra cima com a viga, carpinteiros & Seymour - Uma introdução (1963) e Nove Histórias (1953), este último agora objeto de nova edição brasileira, com tradução assinada igualmente pelo professor e escritor Caetano W. Galindo. A nova edição se justifica pela forma, conteúdo e novidade da narrativa e pela nova tradução oferecida aos leitores brasileiros.

O último conto publicado por Salinger foi em 1965 na lendária revista The New Yorker. Depois, como todos sabem, o escritor viveu em reclusão, sem deixar-se fotografar, conceder entrevistas ou receber visitas em sua casa.

Nove Histórias (208 páginas, R$ 54,90) é considerado por muitos como um dos livros de língua inglesa mais importantes do século XX. No primeiro conto, o clássico Um dia perfeito para peixes-banana, os leitores ficarão impactados com a família Glass, que o autor seguiria colocando em cena nos livros posteriores. 

A emocionante narrativa Para Esmé - com amor e sordidez, outra das obras-primas do volume, trata com graça, elegância e ironia de encontros, literatura e clima de pós-guerra.
Em verdade nas nove ficções estão retratos de pessoas, cenários e acontecimentos do pós-guerra nos Estados Unidos. Conflitos individuais e familiares estão envoltos no contexto histórico maior, narrados com sutileza, humor e crítica. A linguagem inovadora de Salinger mantém seu frescor, como acontece quando a prosa de é bem elaborada.

O livro é visto por muitos estudiosos como uma obra que redefiniu a arte do conto.

Essa tal felicidade

Qual o sentido da vida? De onde viemos, o que somos e para onde vamos? O que é felicidade? Perguntas que seguem eternas para os humanos, varando os milênios de História e até hoje desafiando as pessoas ditas "comuns", os religiosos, os artistas, os cientistas, os intelectuais, os professores e todos quantos parem, nem que seja por alguns minutos diários, para pensar nestes temas que estão aí, entre céus e terras.

Ensaio sobre a crise da felicidade (Editora Albatroz, 84 páginas, R$ 19,90), de Antoine Abed, presidente fundador do Instituto Dignidade, filantropo, empreendedor e estudante de filosofia e que atuou como professor voluntário na África do Sul, Quênia e Nepal, trata com profundidade e originalidade sobre a questão da felicidade em nossos tumultuados dias. Aos trinta e cinco anos de idade Antoine descobriu o montanhismo e escalou cumes do Havaí, América do Sul e o Everest Base Camp, no inverno.

Sociedade contemporânea, o consumo como forma de felicidade e inclusão, felicidade e trabalho, a felicidade como inutilidade, o conceito de saber perder, Epicuro e a contemporaneidade e o ajuste (parte final) são os títulos dos capítulos da obra, que ao final apresenta as principais referências bibliográficas.

A partir de reflexões sobre estudos de grandes pensadores como Zygmunt Bauman, Clóvis Barros Filho, Marc Augé, Joel Birman, Epicuro, Albert Camus, David Harvey, Eric Hobsbawm, M.P.B. Millan e Jair Ferreira dos Santos, Antoine Abed fala da felicidade desde os tempos gregos até esses nossos dias pós-modernos, sem limites, fronteiras, referências e identidades definidas.

O autor ressalta o pensamento de Bauman, que criou o conceito de modernidade líquida, em contraposição ao conceito de modernidade sólida. Abed dedica a maior parte de sua obra aos ensinamentos contidos na famosa carta que Epícuro escreveu para o amigo Meneceu. A carta é considerada uma das principais obras da Antiguidade.

Esclarecimento e felicidade, divindades, a morte, como se deve viver, desejos e tranquilidade do espírito, o prazer, a simplicidade, a temperança e a prudência, o comportamento do homem sábio e a meditação são as dez partes da carta de Epícuro. Abed as aborda e as relaciona com nossas pessoas e nossos tempos, apontando novos caminhos e mostrando que o texto é um instrumento de libertação e iluminação contra seus medos e receios, a fim de chegar à verdadeira felicidade.

Em nossos tempos de pessoas complexas, milhões de ideias contrastantes, toneladas de antidepressivos consumidos diariamente, muitas liberdades e escolhas que muitas vezes nos aprisionam, as ideias do livro de Abed auxiliam a buscar alguma clareza, alguma calma e alguma consciência. Não é pouco.

"A tarefa de escrever sobre o homem nos cenários atuais é sempre perigosa e traiçoeira. Como disse Hobsbawn, é difícil fazer uma análise do contexto atual, no qual estamos inseridos, pois estamos entrelaçados pelos limites de nossa própria condição humana, composta por crenças, visões de mundo, que, consequentemente, expressam nosso lugar de partida e nosso modo de olhar aquilo que nos circunda", escreveu Abed no final.

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