sábado, 30 de outubro de 2021

30 DE OUTUBRO DE 2021
BRUNA LOMBARDI

A LIBERDADE DE AMAR

Tem pessoas que, quando a gente encontra, sente logo de cara a mesma energia, a mesma frequência. A gente conversa e parece que um completa as frases do outro, os pensamentos se identificam, as sensações se reconhecem, e sentimos que a gente vê a vida de um jeito parecido. O sentimento que irradia é uma confiança imediata com aquela calma que dá quando ninguém precisar explicar muito pra se entender.

Se a gente pudesse contagiar mais pessoas, para que descobrissem essa cumplicidade entre elas, o mundo com certeza seria mais feliz. O relacionamento com outro ser humano, qualquer relação, afetiva ou sexual, é uma mais poderosas químicas do nosso sistema.

Quando ativamos uma relação íntima, verdadeira, confiável, ela se torna um catalisador que vai ativar o melhor dentro de nós. Nossa máquina vai produzir hormônios, equilibrar, harmonizar e potencializar tudo que temos.

Precisamos nos sentir amados para poder amar e superar o medo, a incerteza e a ansiedade. Se pudéssemos ter relacionamentos amorosos saudáveis e construtivos certamente não haveria tanta dor, maldade e rancor no mundo.

Mas por que é tão complicado se relacionar? Por que desenvolvemos tantas distorções a partir desses sentimentos básicos?

É claro que numa relação existem obstáculos, ciladas, armadilhas e tentações no caminho. Diante de cada encruzilhada precisamos fazer uma escolha.

Amar requer coragem. Amor e liberdade são forças primordiais da vida, mas em geral não caminham juntas, pois acreditamos que uma é a exclusão da outra. Como se amar fosse uma espécie de aprisionamento. Não, não é. A sabedoria é não separar uma da outra, mas aprender a amar respeitando as diferenças, a individualidade e a liberdade do outro.

Conhecer o outro e experienciar essa troca de emoções abre a porta para o nosso próprio autoconhecimento. É descobrindo o outro que vou descobrir a minha verdadeira essência. Eu me descubro através do olhar dele e ele através do meu olhar.

Juntos vamos confrontar nossas sombras, trevas, as passagens escuras da nossa alma, falar dos nossos fantasmas e saber que o amor nos ilumina e alivia o que nos pesa.

"O amor não pesa. Liberta-nos do peso das coisas", diz José Eduardo Agualusa. Todas as manifestações do amor são aspectos fundamentais da nossa energia vital. E tudo deriva dessa energia.

Parivartan é uma palavra sânscrita que significa transformação. Despertar o amor é a grande transformação, o mais profundo impulso dessa ação vem do amor. Através da relação amorosa podemos construir uma nova realidade.

Para os budistas e hinduístas, nascemos para purificar nosso karma, e através dessa purificação vamos nos alinhar com o nosso dharma, o propósito da nossa alma.

Não somos perfeitos e nem perfeição é a nossa meta. Compreender o outro nos ajuda a compreender a nós mesmos. Descobrir o que somos é um ato de coragem. A coragem de se expor e de se ver exposto. A confiança é uma troca mágica que acende uma luz dentro de nós. E cada pequena luz pode ajudar a iluminar o mundo.

BRUNA LOMBARDI

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