sexta-feira, 1 de maio de 2015


Castellinho, o mais lido e mais influente
DIVULGAÇÃO/JC

Todo aquele imenso mar de liberdade - A dura vida do jornalista Carlos Castello Branco (Record, 560 páginas, R$ 60,00), do jornalista Carlos Marchi, conta a história do colunista político mais lido e influente do País entre as décadas de 1960 e 1990. Muitos o consideram o maior colunista de política que o Brasil já teve. Ele escreveu mais de 8 mil colunas para o Jornal do Brasil. Política, literatura e jornalismo são os três pilares que definem a vida de Castellinho, que integrou a Academia Brasileira de Letras.

Carlos Marchi conviveu longamente com Castellinho, trabalhou no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, Última Hora e O Globo), Brasília (O Globo, TV Globo, O Estado de São Paulo e Jornal do Brasil) e São Paulo (O Estado de São Paulo). Foi secretário do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal na gestão de Castellinho e assessor da campanha civilista de Tancredo Neves em 1984/1985. É autor de Fera de Macabu (Record, 1988 e Best Bolso).

Marchi é um exímio contador de histórias e não escondeu nada sobre o ícone da imprensa com quem conviveu. Não escondeu as fraquezas de Castellinho e a obra se inicia com uma conversa do biografado com Jango, sobre um tema que seria a maior tristeza da vida do jornalista.

Castellinho veio do Piauí, formou-se em Direito, começou sua carreira em Minas Gerais, onde logo começou a trabalhar nos Diários Associados. Conviveu com os maiores personagens da história do País e atravessou períodos turbulentos da política, como a renúncia de Jânio Quadros, de quem foi secretário de imprensa. Em Minas, aproximou-se de Fernando Sabino, Hélio Peregrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos.

Castellinho morou no Rio e depois em Brasília, onde consolidou sua carreira. Castellinho foi jornalista durante cinqüenta anos, sendo que trinta deles como colunista político diário no Jornal do Brasil. Somente uma vez atuou "do outro lado do balcão", trabalhando no governo, como se diz no meio jornalístico.

No Jornal do Brasil com seu talento para as letras e o jornalismo, ia driblando a censura do tempo da ditadura militar, aprofundando análises, definindo informações essenciais e, assim, conseguia informar, na medida do possível para a época, o leitor, defendendo ao máximo a liberdade de expressão e de informação. Não era fácil, mas Castellinho ia desenhando o panorama político da época.

Com a volta da democracia em 1985, mestre Castellinho pode livrar-se de tristezas, frustrações e angústias pessoais e profissionais dos anos de chumbo e mergulhar num imenso mar de liberdade, quando então pode abandonar as entrelinhas e falar bem alto e claro. Felizmente Castellinho viveu oito anos depois da abertura democrática, vindo a falecer em 1993.


O volume tem apresentação de Merval Pereira, colunista político de O Globo e integrante da Academia Brasileira de Letras. Escreveu Merval: "frio, pragmático, Castellinho sabia lidar com as autoridades de Brasília sem perder de vista sua condição de repórter, o que sempre surpreendia seus interlocutores".