Castellinho, o mais lido e mais
influente
DIVULGAÇÃO/JC
Todo
aquele imenso mar de liberdade - A dura vida do jornalista Carlos Castello
Branco (Record, 560 páginas, R$ 60,00), do jornalista Carlos Marchi, conta a
história do colunista político mais lido e influente do País entre as décadas
de 1960 e 1990. Muitos o consideram o maior colunista de política que o Brasil
já teve. Ele escreveu mais de 8 mil colunas para o Jornal do Brasil. Política,
literatura e jornalismo são os três pilares que definem a vida de Castellinho,
que integrou a Academia Brasileira de Letras.
Carlos
Marchi conviveu longamente com Castellinho, trabalhou no Rio de Janeiro
(Correio da Manhã, Última Hora e O Globo), Brasília (O Globo, TV Globo, O
Estado de São Paulo e Jornal do Brasil) e São Paulo (O Estado de São Paulo).
Foi secretário do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal na gestão de
Castellinho e assessor da campanha civilista de Tancredo Neves em 1984/1985. É
autor de Fera de Macabu (Record, 1988 e Best Bolso).
Marchi
é um exímio contador de histórias e não escondeu nada sobre o ícone da imprensa
com quem conviveu. Não escondeu as fraquezas de Castellinho e a obra se inicia
com uma conversa do biografado com Jango, sobre um tema que seria a maior
tristeza da vida do jornalista.
Castellinho
veio do Piauí, formou-se em Direito, começou sua carreira em Minas Gerais, onde
logo começou a trabalhar nos Diários Associados. Conviveu com os maiores
personagens da história do País e atravessou períodos turbulentos da política,
como a renúncia de Jânio Quadros, de quem foi secretário de imprensa. Em Minas,
aproximou-se de Fernando Sabino, Hélio Peregrino, Otto Lara Resende e Paulo
Mendes Campos.
Castellinho
morou no Rio e depois em Brasília, onde consolidou sua carreira. Castellinho
foi jornalista durante cinqüenta anos, sendo que trinta deles como colunista
político diário no Jornal do Brasil. Somente uma vez atuou "do outro lado
do balcão", trabalhando no governo, como se diz no meio jornalístico.
No
Jornal do Brasil com seu talento para as letras e o jornalismo, ia driblando a
censura do tempo da ditadura militar, aprofundando análises, definindo
informações essenciais e, assim, conseguia informar, na medida do possível para
a época, o leitor, defendendo ao máximo a liberdade de expressão e de
informação. Não era fácil, mas Castellinho ia desenhando o panorama político da
época.
Com
a volta da democracia em 1985, mestre Castellinho pode livrar-se de tristezas,
frustrações e angústias pessoais e profissionais dos anos de chumbo e mergulhar
num imenso mar de liberdade, quando então pode abandonar as entrelinhas e falar
bem alto e claro. Felizmente Castellinho viveu oito anos depois da abertura
democrática, vindo a falecer em 1993.
O
volume tem apresentação de Merval Pereira, colunista político de O Globo e
integrante da Academia Brasileira de Letras. Escreveu Merval: "frio,
pragmático, Castellinho sabia lidar com as autoridades de Brasília sem perder
de vista sua condição de repórter, o que sempre surpreendia seus
interlocutores".