Alta moderada, tom duro e mistério à frente
Como se esperava depois do corte surpreendente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por alta moderada na taxa básica por aqui, de 0,25 p.p., para 10,75% ao ano.
Mas se aliviou no número, o Copom pesou no comunicado. Uma das frases mais esperadas pelo mercado apareceu: "o comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação". Em bom português, isso quer dizer que há risco de alta na inflação.
Também ressaltou que o "conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado", em referência ao "pibão" do segundo trimestre.
Depois que o consenso do mercado projetou uma alta total de 0,75 ponto percentual - três vezes a definida ontem -, havia expectativa de que o Copom retomasse o "guidance", ou seja, explicitasse os próximos movimentos no comunicado. Isso não aconteceu, e o mistério foi acentuado neste trecho: "O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação (...)".
Isso significa que às vésperas da próxima reunião, dias 5 e 6 de novembro, retorna a especulação se a taxa volta a subir ou não, e quanto. Mas se manteve o suspense, o Copom deixou claro que há grande probabilidade de novas altas ao mencionar "ciclo ora iniciado". Claro, a menos que o cenário mude.
Fed surpreendeu com corte de 0,5 p.p.
Quem escreve a ata é o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que deve suceder Roberto Campos Neto na presidência do BC. O tom duro também faz parte da "construção da reputação" de Galípolo. Pode ser um cálculo de que a desejada "ancoragem de expectativas" possa ser feita com menor custo, parte com a Selic, parte por discurso.
No meio da tarde de ontem, o Fed afiou a tesoura e confirmou o corte de 0,5 ponto percentual, pouco usual na instituição. Com isso, o juro anual de referência nos EUA fica entre 4,75% e 5%. Apenas uma das integrantes do colegiado, Michelle Bowman, votou por um corte menor, de 0,25 p.p.
Entre as muitas especulações sobre a decisão inusual do Fed está a de que embute uma expectativa de vitória de Kamala Harris nas eleições nos Estados Unidos, porque uma vitória de Donald Trump significaria projeção maior de inflação.
A decisão do Fed tende a depreciar o dólar em relação a várias moedas. Além disso, com a queda maior por lá, o diferencial de juro - o quanto a taxa é mais alta aqui do que lá -, aumenta, o que abre espaço para subir menos aqui. _
Como Europa reage à ofensiva da China
Fechar o acordo entre Mercosul e União Europeia e disseminar a Estratégia Global Gateway são as duas prioridades da embaixadora do bloco no Brasil, Marian Schuegraf. A novela sem fim do acordo Mercosul-UE é conhecida, mas a Global Gateway é mais recente, vista como a reação dos europeus ao Cinturão e Rota da Seda da China.
Conforme Schuegraf, o projeto aborda mudança do clima, infraestrutura e justiça social. Sobre a nova regra que proíbe exportações de países que desmataram a partir de 2020 e entra em vigor no próximo ano, a embaixadora afirmou que o bloco está "ouvindo" as preocupações do setor privado e do governo, que pediu adiamento ou tratamento diferente diante das queimadas. Disse que há "muita discussão" ocorrendo.
- O que certamente não queremos é uma redução das exportações brasileiras. A razão pela qual esses produtos são vendidos na Europa é que nós queremos comprar. Minha meta é aumentar o volume de comércio, não dificultar as relações comerciais.
Schuegraf se reuniu com o vice-governador Gabriel Souza para discutir ajuda para desenvolver alertas precoces.
- Temos de lidar com a mudança do clima. Quanto mais cedo alcançarmos resultados, mais barato será.
E o acordo Mercosul-UE? Segundo Schuegraf, os dois lados "fazem o melhor" para obter acordo em "futuro próximo". Mencionou até um possível encontro de investidores logo depois da assinatura, talvez no próximo ano. _
vai baixar?
A Petrobras adotou medida pouco usual ontem depois que o jornal Valor Econômico registrou que a estatal estuda reduzir o preço de combustíveis. A companhia desmentiu. E insistiu: "quando há decisão por alteração, a tabela de preços é divulgada imediatamente aos seus clientes". A especulação sobre baixa nos combustíveis circula há semanas, porque a cotação do petróleo acumula queda superior a US$ 10 desde o último reajuste.
Gerdau compra companhia de sucata por US$ 60 milhões
Não é um negócio fácil de entender para quem não mudou o mindset da sustentabilidade: a Gerdau pagou US$ 60 milhões (cerca de R$ 330 milhões) por uma empresa de sucata nos Estados Unidos.
O negócio foi fechado na terça-feira e comunicado ontem ao mercado. A Gerdau Ameristeel US Inc., controlada da siderúrgica fundada em Porto Alegre, comprou ativos da Dales Recycling Partnership, de operação, processamento e reciclagem de sucata ferrosa.
A compra inclui terrenos, estoques e instalações da Dales Recycling em três Estados: Tennessee, Kentucky e Missouri.
O objetivo, conforme a Gerdau, é aumentar a captura de sucata ferrosa por meio de canais próprios. Cerca de 70% do aço produzido pela gigante de berço gaúcho já é feito a partir de sucata, o que ajuda a poupar recursos naturais e poluição ambiental e reforçar a aplicação do conceito da economia circular, em que resíduos se transformam em matéria-prima. _
Plano para retomar turismo no Estado
Operadora de turismo da companhia aérea Azul, a Azul Viagens prepara ações para a retomada do turismo no Rio Grande do Sul.
Entre as principais iniciativas da Azul Viagens, estão voos com tarifas especiais para pacotes de turismo, conectando Porto Alegre a Campinas (SP) e Belo Horizonte (MG).
A operação vai ocorrer de quinta-feira a domingo em aeronaves com capacidade para até 174 passageiros, de 24 de outubro até 19 de janeiro, período de alta temporada na Serra.
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