quarta-feira, 25 de setembro de 2024


25 de Setembro de 2024
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Maria do Rosário faz gestos para se aproximar do eleitorado evangélico

Eleição na Capital

Candidata petista tenta atrair o porto-alegrense religioso, reconhecido como mais conservador e tradicionalmente resistente ao PT. Estratégia envolve visitas a locais de culto e destaque a iniciativas como a criação da lei do sábado adventista e o programa de proteção a filhos de vítimas de feminicídio

Em quase todas as agendas de rua, Rosário busca visitar locais de culto, como igrejas católicas ou templos evangélicos. Nessas incursões, o universo neopentecostal recebe atenção especial, seja pela predileção tida como majoritária por políticos de direita ou pela imagem negativa que os adversários tentam construir da petista junto aos fiéis, estigmatizando sua histórica defesa dos direitos humanos.

Nos encontros, Rosário sempre lembra que foi relatora da lei do sábado adventista, pela qual alunos de instituições públicas ou privadas têm direito de faltar a aulas, ou a provas em datas nas quais sua religião proíbe atividades.

A petista também resgata o programa Protege Brasil, criado quando era ministra dos Direitos Humanos e que impede a transferência para abrigo ou a entrega à adoção de crianças cujas mães foram vítimas de feminicídio.

- Esse programa deixa a criança com a avó, garantindo que permaneça na família. Mais recentemente, Rosário aprovou lei que garante pensão para essa criança. São duas iniciativas com muito acolhimento entre os evangélicos - sustenta Mari Perusso, coordenadora da campanha de Maria do Rosário.

Na sexta-feira, a candidata visitou uma igreja no extremo sul de Porto Alegre. Durante pouco mais de uma hora, conversou com membros da comunidade Caminho da Luz, entidade que atua também no tratamento de dependentes químicos na Restinga. As lideranças revelaram que recebem com frequência pacientes destinados pela prefeitura, sem contrapartida financeira. Acompanhada do ex-prefeito José Fortunati, que é evangélico, Rosário se comprometeu em regularizar a situação da entidade e a criar políticas que incluam comunidades evangélicas nos programas de atenção à saúde mental.

Slogan foi adaptado

Com formação familiar cristã, Rosário é católica praticante e pediu aos estrategistas eleitorais do PT para mostrar sua devoção na propaganda de rádio e TV. Além de exibir uma faceta pouco conhecida dela, o partido considerou que a iniciativa ajuda a suavizar a imagem de mulher combativa junto à opinião pública.

A recorrência do termo foi tamanha, mesmo muitas vezes citada num contexto de esperança e não necessariamente de devoção religiosa, que os estrategistas decidiram incorporá-la ao slogan. Houve questionamentos internos, principalmente em próceres do PSOL, mas na convenção que oficializou a candidatura o lema da campanha passou a ser "Fé, união e reconstrução".

O comitê não preparou peças específicas de marketing para o público evangélico, mas busca trabalhar amainando resistências e aproximando Rosário das igrejas independentes, cuja estrutura não está vinculada às grandes vertentes neopentecostais que possuem lideranças políticas de direita. Uma das iniciativas foi o café da manhã no qual Rosário e a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), principal expoente evangélica do partido, ofereceram a pastores, obreiros e fiéis, em um hotel da Capital, dia 12 de setembro.

No cenário nacional, a Fundação Perseu Abramo, braço de formação política do PT, elaborou uma cartilha para conduzir as ações dos candidatos junto a comunidades neopentecostais. Com nove páginas, o material orienta os concorrentes a valorizarem a família, a fé e a liberdade religiosa.

O texto sugere lembrar que o PT criou a Lei da Liberdade Religiosa e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o Dia Nacional da Marcha para Jesus. "É relevante ressaltar essas leis não como letras frias, mas para mostrar que o partido e suas lideranças nunca defenderam o fechamento de igrejas", destaca a cartilha.

Recheado de citações bíblicas, o documento salienta ainda o que os candidatos devem evitar. Entre as restrições, está não exagerar nas citações a Deus, não citar a Bíblia sem conhecê- la e não tratar todo evangélico como fundamentalista.

Em mais uma tentativa de aproximação com este público, Lula sancionou esta semana as leis que criam o Dia do Pastor Evangélico e reconhecem expressões artísticas cristãs. _

Fábio Schaffner

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