04
de abril de 2015 | N° 18122
NÍLSON SOUZA
VISÕES
Eis
aí uma coisa que eu gostaria de ter inventado: óculos para daltônicos. O
daltonismo afeta 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Elas não apenas
confundem o vermelho e o verde, mas também enxergam de forma alterada outras
tonalidades derivadas. Vi outro dia o vídeo produzido por uma empresa de
tintas, que registrou a emoção de quem estava vendo pela primeira vez com os
óculos especiais.
Os
depoimentos são comoventes: um homem extasiado diante dos desenhos coloridos
feitos pelo próprio filho, que ele nunca conseguira apreciar devidamente; uma
jovem quase às lágrimas ao identificar numa pintura cores que nem imaginava
existir; outro rapaz deslumbrado com as cores de um pôr do sol (e nem era o
nosso porto-alegríssimo), exclamando para o interlocutor:
–
Então é assim que vocês veem?
Fiquei
com aquela invejinha sadia do inventor. Tenho no prelo da minha imaginação
algumas engenhocas que também poderiam beneficiar a humanidade se um dia se
materializassem. Minha obsessão número 1 é o domínio da gravidade. Nada
original, sei disso, os ficcionistas já bolaram dezenas de maneiras diferentes
de fazer o homem flutuar, seja com cinto antigravitacional, com foguetes
propulsores ou com balões acoplados ao corpo.
Minha
ideia é criar uma espécie de bolha magnética – ou antimagnética, sei lá –, que
permitiria ao indivíduo se deslocar sem muito esforço, numa distância segura do
solo, para não correr o risco de se espatifar ao primeiro curto-circuito.
Os
fabricantes e revendedores de veículos, assim como os construtores de estradas
e produtores de combustíveis, iriam me odiar para o resto da eternidade, mas
quanta poluição e acidentes de trânsito poderíamos evitar?
A
fantasia número 2 é um detector de armas. Ok, também já existe, mas o meu
invento é um equipamento simples de raios X, programado para identificar
formatos e outras características desses instrumentos de morte. Seria tão
barato e popular, que poderia ser colocado em qualquer ambiente, até portado
por pessoas autorizadas, para prevenir a presença de indivíduos armados. Nem
preciso dizer quantas vidas humanas poderiam ser poupadas com esse controle.
Será
que já inventaram óculos capazes de transformar sonho em realidade?