Jaime Cimenti
Temporalidades brasileiras
recentes
História
do tempo presente (FGV Editora, 316 páginas), com organização das professoras
Lucilia de Almeida Neves Delgado e Marieta de Moraes Ferreira, apresenta textos
das organizadoras e de outros especialistas sobre questões que envolvem o
conhecimento crítico, a memória, a nova história e o tempo presente de nosso
País.
A
obra tem apresentação do professor Rodrigo Patto Sá Motta, do Departamento de
História da UFMG, que escreveu: "nesta coletânea, o leitor vai encontrar
uma boa amostra das pesquisas e reflexões que os historiadores brasileiros
dedicados a temporalidades recentes vêm desenvolvendo". A obra tem
amplitude nacional, já que reúne autores de várias partes do País, em sua
maioria pesquisadores experimentados e respeitados na área, ao lado de jovens
muito promissores. Os capítulos abordam amplo leque temático e teórico, com
destaque para política, memória, movimentos sociais e imprensa, e estão unidos
- além da aproximação pelo aspecto da temporalidade - pela qualidade dos textos
e das respectivas pesquisas. Uma proveitosa leitura, certamente.
A
primeira parte da obra trata do lugar do historiador, fala do presente dos
historiadores, se é possível fazer tábula rasa do passado e levanta questões e
problemas de pesquisa histórica. A segunda parte do volume fala de presente,
política e memória, tratando de interseções, Jango, cinema, resistência
estudantil, ditadura, anos 1970, instituições sindicais brasileiras e uso de
novas tecnologias para construção de sua memória; Comissão Nacional da Verdade,
tempo das Diretas Já!, Brizola, funerais de presidentes e outros temas.
A
terceira e última parte do volume trata de mídia, memória e história, imprensa
e espaço público, mídia brasileira no século XXI, desafios na pesquisa
histórica e grande imprensa como fonte e objeto de estudo.
O livro
resultou dos textos apresentados em Simpósio da Associação Nacional de História
(Anpuh), o que demonstra a qualidade dos eventos da entidade dos historiadores
brasileiros, bem como atesta a importância de se enfocar os acontecimentos
recentes da História do Brasil.
Deve
ser ressaltada a filiação temática do livro. A chamada história do tempo
presente ocupa lugar cada vez mais destacado na historiografia atual, colocando
os historiadores num papel de contribuição social de alto relevo. Já se foi o
tempo da visão tradicionalista que argumentava que o passado recente não
poderia ser objeto da história.
Hoje,
nota-se que o estudo da história recente é um dos setores mais dinâmicos para
os historiadores, apesar das dificuldades inerentes. De mais a mais, como se
sabe, é um dos campos de historiografia mais propensos ao diálogo
interdisciplinar.
Enfim,
a obra quer ser útil para uma fértil discussão sobre o campo, os sujeitos, as
fontes, os limites e as perspectivas de construção de um saber crítico sobre memória,
nova história política e história do tempo presente.