16
de abril de 2015 | N° 18134
EDITORIAIS
A PRISÃO DO TESOUREIRO
É no
mínimo surpreendente que, diante das contundentes evidências apresentadas pelo
Ministério Público e pela Polícia Federal para a prisão do tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, o partido tenha reiterado ontem sua confiança na inocência do
dirigente.
Se já era difícil entender a demora no seu afastamento depois de tantas
denúncias de irregularidades, causa perplexidade que o PT tenha manifestado
ontem, em nota oficial, sua solidariedade a João Vaccari Neto. O mesmo
dirigente que negou qualquer participação no escândalo da Petrobras teve sua
prisão justificada por reiteração criminosa, apurada pelas investigações
policiais.
As
acusações são extremamente graves e agora aparecem fundamentadas por indícios
claros, como o enriquecimento injustificado de familiares e o uso de notas por
serviços não prestados para legalizar propinas. Por isso, a mais recente fase
da Operação Lava-Jato tem potencial para municiar tanto a oposição quanto
movimentos de rua que defendem a responsabilização do governo.
Como
advertiu o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, “o mundo do crime não pode
contaminar o sistema político-partidário”. E é isso o que ocorre quando
alegadas doações oficiais servem para acobertar ilícitos como lavagem de
dinheiro, de forma reiterada.
Diante
da CPI, o dirigente preso ontem preferiu recorrer a respostas evasivas e
padronizadas. Agora, terá a chance de ser acareado com seus acusadores, para
que a Justiça e o país saibam quem está falando a verdade. Mas o que o caso
envolvendo o tesoureiro do PT revela, de forma estarrecedora – e militantes do
partido insistem em negar –, é o quanto crime e política podem andar juntos se
as instituições não se mantiverem permanentemente atentas para investigar e
punir.