segunda-feira, 13 de abril de 2015


13 de abril de 2015 | N° 18131
MARELO CARNEIRO DA CUNHA

O outono do nosso contentamento

Chegou a estação dos céus azuis aí na Leal e Valerosa e do fim das chuvas aqui no sertão paulista. Dias de friozinho que começa, trazendo ainda mais motivos para a gente estacionar no sofazão diante das séries que iniciam, pensando nas temporadas que terminaram.

Terminou muito bem Better Call Saul, o poema televisivo que não supera Breaking Bad porque não compete, homenageia. Ao final da temporada vemos o nascimento de Saul, nosso novo good bad boy, e agora o entendemos sem maiores explicações. Isso, caros leitores, é sintoma de boa, ótima narrativa. The Walking Dead também terminou em alto estilo e com motivos de sobra para a gente rememorar os dois últimos episódios, aulas de tensão e construção de final. House of Cards me deixou meio assim.

Frank Underwood era um ótimo péssimo sujeito, que ficou um tanto estranho ao se converter em um cara dotado de algumas boas intenções. O mesmo vale para sua terrível cúmplice, Claire Underwood. Alguns grandes personagens nos fascinam porque sua maldade, ou falta de escrúpulos, nos atrai e revolta, ao mesmo tempo. Remover esses elementos de tensão os torna apenas tão humanos como você, eu, o gerente do banco mais próximo. Frank ficou menos diabólico e mais gerencial.

Com o outono, voltam outras séries que vão aquecer nossos dias de chocolate quente. Mad Men talvez seja a maior delas, e a que vai deixar mais saudades. Mad Men transformou a nossa visão do que seja tevê, e vai fazer falta, sem ter sequer terminado.

Outlander vem aí, a série mais mulherzinha que o mundo já viu. Para mim, ela enveredou demais pelos caminhos dos maus romances femininos, aqueles destinados a moças de boa família, e a chatice é uma real possibilidade.

Para compensar, um dos grandes personagens femininos volta, e em múltiplas personalidades. Orphan Black é uma das melhores e mais subestimadas obras da nova tevê – talvez por ser canadense e ninguém esperar emoções fortes dos nossos supercivilizados habitantes do extremo norte.


O outono chegou, caros leitores, e com eles ótimas horas a serem consumidas sentado e com os pés para cima. O outono é uma época de celebrar o tempo que temos antes de as coisas ficarem frias demais para a poesia. Aproveitemos então, e até depois.