quarta-feira, 8 de abril de 2015


08 de abril de 2015 | N° 18126
ARTIGOS - JOSÉ PAULO DORNELLES CAIROLI*

SIMPLES ASSIM

Ninguém hoje tem uma resposta acabada para explicar muitas coisas que aconteceram com o Rio Grande e que esfacelaram suas finanças, deixando o cidadão comum acuado e quase sem saída diante do sucateamento e da má qualidade dos serviços públicos. Não vou compartimentar os problemas nem isolar as soluções. A ideia de escrever este artigo, dirigido aos gaúchos, é uma espécie de carta de intenção de quem prometeu colocar a casa em ordem.

Dito isto, me concentro na Caravana da Transparência, apelidada de “Caravana da Miséria” e outros tantos adjetivos que tentam desqualificar importante ação. Mas fico na transparência porque é através dela que iremos encontrar as respostas e as saídas. Nosso primeiro passo foi escolher a verdade, sem aceitar a visão derrotista e sem alimentar um falso otimismo. Simples assim.

Sabemos que as ambivalências são perversas. Vivemos em dois Estados ao mesmo tempo: um que dá certo e outro desconcertante, através da máquina pública, da burocracia, da falta de recursos e da dívida. Na prática, essas ambiguidades vão terminar, neste ano, num déficit de R$ 5,4 bilhões. Isto significa dizer que cada gaúcho, inclusive os que estão nascendo agora, herdam uma dívida de R$ 6,48 mil.

Nascer já devendo é mais que cruel. É a soma de décadas de irresponsabilidades: em 44 anos, tivemos apenas sete anos em que gastamos menos do que arrecadamos. No mundo concreto, sabemos que os países avançam não porque sejam imunes às crises, mas pela forma como respondem a ela. No nosso caso, só recuos e displicência.

Vão faltar bons bilhões para fechar as contas neste ano. Por causa disto é que a “Caravana da Transparência” adota a postura de mostrar as misérias apostando em arrumar a casa. Como? Primeiro passo: admitindo a verdade. Segundo passo: gastando menos do que se arrecada com total atenção aos gastos. Cada centavo terá que ser muito bem gasto.

E, na medida em que a confiança vai surgindo, vamos também emergir para um novo ciclo de desenvolvimento e de qualidade de vida. Enquanto isto não acontece, nos resta adotar o caminho da seriedade sob as regras da verdade. Estamos em pleno ajuste e devemos tirar lições desta triste história.


*Vice-governador do Rio Grande do Sul