segunda-feira, 24 de dezembro de 2012



24/12/2012 e 25/12/2012 | N° 17293
HISTÓRIAS DE VIAGEM

Vale do Douro, o do vinho do Porto

“A penicilina cura os homens, mas é o vinho que os torna felizes.” Fleming (1881-1945)

Há lugares que imaginamos serem trabalhados no photoshop, pois, diante de tanta tecnologia, às vezes duvidamos que o mundo seja o próprio cartão-postal. Foi uma escolha do meu marido, que aprecia e lê muito sobre vinho, suas castas, seus aromas, como se conserva e como se produz. E assim fomos a Portugal conhecer in loco o vale do Rio Douro. Ele é demarcado no mapa como o solo ideal para a produção dos famosos vinhos que se assemelham a um licor, por serem digestivos.

Conta a história que o vinho do porto existe por um detalhe. Sua “invenção” deve-se a uma das muitas guerras entre ingleses e franceses, e também a um conhecimento empírico de química. Isso aconteceu lá pelo século 17, quando os ingleses não podiam obter vinhos franceses e se viram obrigados a importar vinhos de Portugal.

Como o transporte demorava muito, o vinho acabava fermentando e estragando. Então, num lance de tudo ou nada, os portugueses acrescentaram conhaque para melhor conservá-lo até o destino. E assim surgiu o vinho do Porto – nome da cidade – que teve boa aceitação junto aos ingleses. E não parou mais a sua produção, hoje bem mais elaborada.

Da cidade do Porto, rumamos ao vale. Carro alugado e dois filhos, lá fomos nós descobrindo as maravilhas desses lugares. As vinhas são plantadas em terraças onde uma ou duas filas de videiras fazem um desenho lindo e inusitado. Da beira do rio até o cume da montanha, num terreno pedregoso e num solo altamente nutritivo, crescem as videiras. É época de colheita.

Caminhamos por entre a plantação, com a bela explicação através de audioguide, podendo entender mais sobre o processo de plantio e a produção do vinho do Porto. Sua colheita é toda manual, o que conserva ainda mais o glamour deste líquido tão procurado.

A natureza nos surpreende a cada quilômetro rodado. A água do rio é de um verde esmeralda belíssimo, gelada e limpa. O rio vai bordando os lugarejos, vilas e montanhas, nos oferecendo uma paisagem de tirar o fôlego. O Rio Douro é um presente às videiras e aos pescadores assim como o Ganges é para os indianos.

Visitar essa região é um programa excelente, ainda mais sem o obstáculo do idioma. Apreciar a natureza junto com o trabalho do homem faz a respiração ficar suspensa. O tempo parece parar e só recomeça na hora de lembrar e contar a história.