sexta-feira, 16 de janeiro de 2015


16 de janeiro de 2015 | N° 18044
DAVID COIMBRA

Pobre precisa de polícia?

Polícia para quem precisa. Quem precisa de polícia? Pobre precisa de polícia?

Ontem, o New York Times publicou uma alentada reportagem sobre o que chamou de a “Bullet Caucus” do Brasil, a “Bancada da Bala”: novos parlamentares eleitos graças à pauta da Segurança Pública. Segundo o jornal, esse é um sinal de que a política brasileira está fazendo uma virada à direita.

Tenho lido também artigos de jornalistas brasileiros sobre a atuação da polícia na repressão às depredações cometidas nos protestos contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo, dias atrás. Nesses artigos, a polícia paulista é chamada de “polícia de Alckmin”.

Virada à direita. Polícia de Alckmin.

Para resumir, se é que uma palavra tão pedregosa resume algo, trata-se da “ideologização” da Segurança Pública. Aí está uma das infâmias geradas pelos arroubos juvenis da democracia brasileira: a ideia de que a polícia é “de direita”, o que a tornaria inimiga do pobre.

Quem é mais afetado pela falta de segurança? Quem anda de ônibus ou quem roda no carro blindado? Quem passa as tardes de domingo nas praças ou quem vai a Punta? Quem vive no subúrbio ou quem vive no condomínio fechado?

Por fim: quem elegeu a Bullet Caucus? Pobres ou ricos?

Por que se falou tão pouco em Segurança Pública durante a campanha à Presidência, se o eleitor estava disposto a votar na Bancada da Bala? Resposta: porque os candidatos temiam parecer que eram “contra o pobre”.

Não vou cair na tentação de comparar a polícia brasileira com a americana. Um policial americano ganha cerca de R$ 14 mil por mês, é altamente treinado e muito bem aparelhado. Além disso, a polícia é municipal, o que, acredite, muda tudo. Mais: as questões hoje debatidas acerca da polícia americana são absolutamente diferentes das brasileiras. Mas o que interessa, no caso, é que a polícia americana têm problemas, embora haja segurança nos Estados Unidos. A polícia brasileira também tem os seus problemas, o Brasil todo tem os seus problemas.

Problemas, problemas, o caminho mais fácil para NÃO resolvê-los é analisá-los à direita ou à esquerda.

Segurança Pública é tão fundamental quanto Educação e Saúde. Se o Brasil tivesse segurança, diminuiria suas dores pela metade. E tudo ficaria mais leve e tudo ficaria mais fácil. Segurança Pública não é questão ideológica. Mais do que ninguém, pobre precisa de polícia.

Quem é bom?

Quem é, por suas próprias palavras:

“Bondoso, justo, pessoa que enfrenta o preconceito de cabeça erguida, generoso, altruísta, politizado, determinado, militante, guerreiro, bravo, perseverante, otimista, humilde, virtuoso, opinativo, altivo, honrado, digno, confiante, crível”?

Quem diz ser tudo isso? Quem? Pista: não é Jesus Cristo, nem Gandhi, nem madre Teresa de Calcutá, nem Buda.

Quem pode ser? Quem???


Resposta amanhã!