quarta-feira, 28 de janeiro de 2015


28 de janeiro de 2015 | N° 18056
MOISÉS MENDES

Las paletas

Tenho quatro ou cinco grandes ideias num ano. Só aqui no jornal, já tive tantas ideias, que enchem um caderno. Estão num arquivo que se chama novas ideias. Algumas têm mais de 10 anos. Mas nunca tive um projeto que se traduzisse em ganhos financeiros.

Uma ideia que gostaria que fosse minha é esta de vender no Brasil as paletas mexicanas. Os picolés gigantes atraem filas aos quiosques de Los Paleteros nos shoppings e já têm imitações.

As paletas superam, como invenção, o Google Glass, os óculos que o Google criou com conexão à internet. Os óculos que manteriam você todo o tempo ligado à rede não duraram dois anos, nem como experimento. Los Paleteros – os fabricantes das paletas – chegam ao terceiro veraneio no Brasil.

Há paletas por tudo. Em lojas de 1,99, em óticas, em sapatarias. Meu amigo Beto Zaccaro conta esta. Num sábado, numa fila enorme de um açougue de Belém Novo, fez o pedido:

– Uma paleta. – De quê? – perguntou o açougueiro.

– De ovelha, ora bolas – disse o Zaccaro.

Não tinha. Tinha paleta de uva, de chocolate, de abacaxi, de doce de leite. Até açougue vende paleta mexicana. O picolé substituiu a moda do iogurte gelado.

Dois amigos de Curitiba, Gean Chu e Gilberto Verona, são os caras das paletas. Mas a ideia original não foi deles. As paletas já existiam no Paraná, sem uma grife forte. Em 2012, eles foram ao México e aperfeiçoaram a ideia dos outros. Botaram marketing, marca e qualidade no picolé.

Têm uma fábrica em Curitiba e no ano passado venderam mais de 10 milhões de paletas em 71 lojas, a maioria de franqueados. Faturaram R$ 70 milhões. Ficaram ricos aos 24 anos.

Se você estiver pensando em abrir uma franquia das paletas, espere um pouco. No início de janeiro, 8 mil candidatos a franqueados estavam na fila. Sim, 8 mil.

Eu provei paletas pela primeira vez em fevereiro de 2013 em Balneário Camboriú. Li agora a história dos sócios e fiquei pensando em como uma ideia espera por você em algum lugar. Essa dos paleteros deveria estar no México, dependurada num cáctus, desde o tempo do Pancho Villa.


Mas claro que a moda das paletas também vai passar. Que outra ideia poderá ser trazida do México? Tortillas, empanaditas, chalutas? Ou sombreros, quem sabe? Claro