07 de maio de 2015 | N° 18155
EDITORIAIS
A
SAÚDE AMEAÇADA
É inaceitável, sob todos os aspectos, a anunciada redução do
atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte de
instituições hospitalares credenciadas. A intenção, confirmada ontem, no dia de
mobilização das santas casas e hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul,
precisa ser rechaçada por autoridades e líderes da sociedade gaúcha.
Hospitais filantrópicos não podem fugir das atribuições para
as quais foram criados. Da mesma forma, o poder público tem o dever de aportar
recursos que são bancados pelos contribuintes para custear preferencialmente
áreas de competência do Estado.
Ainda que seja temporário, o movimento desencadeado pelas
instituições de saúde representa uma ameaça intolerável a uma parcela
considerável da população. O agravante é o fato de ocorrer no momento em que as
mudanças climáticas elevam a busca por socorro médico, além de algumas cidades
estarem às voltas com a dengue. Dificuldades de caixa do setor público e
equívocos na definição de prioridades fizeram com que a situação assumisse
níveis de epidemia em vários Estados.
Com a saúde não se brinca. A situação atual já é intolerável
sob o ponto de vista da capacidade de marcação de consultas eletivas, de pronto
atendimento, de internações e de procedimentos em geral, como os cirúrgicos.
Por isso, o agravamento não tem como ser admitido por
pacientes do SUS. O impasse dos recursos escassos, que num primeiro momento
afeta quase duas centenas de municípios gaúchos, precisa ser enfrentado com
urgência pelas autoridades.