sexta-feira, 8 de maio de 2015


08 de maio de 2015 | N° 18156
ARTIGOS -  LASIER MARTINS*

UM STF MENOS DEPENDENTE

Avacância durante nove meses em uma das cadeiras do Supremo Tribunal Federal reacendeu o debate acerca da nomeação dos integrantes da Corte. Mas isto não é tudo. A inação de Dilma Rousseff com tão inusitada demora escancarou toda a extensão do problema, um defeito do atual sistema, decorrente do direito absolutista da Presidência da República de indicar quem quer e quando quer.

Não é razoável que em uma sociedade democrática as indicações dos ministros do STF fiquem restritas a uma só pessoa, que autocraticamente escolhe os nomes para outro poder, tido como independente. Mas existem outras situações que justificam a necessidade de mudança e fortalecem a independência dos poderes.

Hoje, na prática, em relação às indicações, há distorções. Como agora, na indicação do jurista Luiz Edson Fachin, um declarado apoiador de Dilma, quase um militante do PT. E não parece adequado que um mesmo governo, que se perpetua no poder, componha todos os postos do STF. A aprovação da PEC da Bengala é mais uma prova de que os critérios precisam ser revistos.

É por essas razões que protocolei uma proposta de emenda constitucional (PEC) com intenção de transformar a maneira como se faz a indicação de ministros do STF, também levando em conta a experiência internacional. Buscamos exemplos bem-sucedidos em países solidamente democráticos como Alemanha, França e Espanha, quanto ao uso de colegiados e fixação de mandatos, permitindo oxigenação contínua dos quadros da Corte.

A proposta não mexe na independência dos três poderes. A Presidência da República continuará fazendo parte do processo, mas decidirá a partir de uma lista tríplice elaborada por colegiado composto de sete membros, representando as mais importantes instituições jurídicas: os presidentes dos tribunais superiores, mais o presidente do TCU, o procurador-geral da República e o presidente do Conselho Federal da OAB.

A ideia é trazer novos elementos ao debate público. Pelas manifestações que recebemos, consta com vasto apoio da comunidade jurídica brasileira. Cabe agora ao Congresso discutir, como forma de dar mais um passo na modernidade e eficiência das instituições nacionais.


*Senador