sexta-feira, 8 de maio de 2015

Jaime Cimenti

O romance mais recente de Henrique Schneider

O advogado e escritor Henrique Schneider nasceu em Novo Hamburgo em 1963, filho de Therezinha, ex-miss e professora universitária, e Nestor Fips Schneider, ex-deputado estadual. Desde muito cedo, ligou-se à literatura. Colunista semanal do jornal ABC Domingo, tem diversos livros publicados e já recebeu muitos prêmios. Tem obras publicadas no exterior.

Em 1989, recebeu o prêmio Maurício Rosenblatt pelo romance O grito dos mudos, que já teve cinco edições pela L&PM e duas pela Bertrand Brasil. Pela Dublinense, já publicou Contramão e A vida é breve e passa ao lado.

Respeitável público (Dublinense, 126 páginas) é o romance mais recente de Schneider e foi lançado nesta semana. O livro foi finalista do Prêmio Açorianos. A narrativa - em tom fantástico - trata da cidade de Galateia, onde o prefeito Teodoro Alegria governa a fogo e favores. Ele vai levando a vida como acha que tem que ser, em meio à lenta burocracia, à mulher e filhas tranquilas e um tanto tristes, mas aí chega, de uma hora para outra, o circo Hollywood. 

É um daqueles circos pequenos em tamanho, mas grandes em termos de extravagância. O trapezista com olhos cor de púrpura, a cigana com aroma de sândalo, o dono do circo com dentes de ouro e o dia de estreia com possibilidades de ameaça ao poder municipal são apenas alguns dos ingredientes. Tudo pode mudar nessa vida, sempre tudo pode mudar. Desde que o mundo é mundo, como sempre foi, sempre será.

Como epígrafe, o escritor utilizou, com extrema adequação, uma frase do saudoso autor Caio Fernando Abreu. Caio, aliás, pela qualidade das suas frases e de seus textos, tem sido cada vez mais lembrado, nos últimos tempos, mesmo por leitores de novas gerações. A frase de Caio que consta na epígrafe: "Odeio circo. Aliás, odeio tudo que me encanta e depois vai embora".

Na apresentação, o poeta e escritor Dilan Camargo menciona que "Henrique cria uma história na melhor tradição das narrativas latino-americanas ao expor a tragicomédia do poder político unipessoal diante de fatores fantásticos e humanos que fogem ao seu controle. Ele capta e atualiza, de forma original, o que representa o circo no imaginário humano, com o seu fado de encantar e de mudar destinos. O encontro da filha do todo poderoso prefeito da remota cidadezinha de Galateia com o trapezista do Gran Circo Holywood transcende a beleza das histórias de amor e nos joga no coração de uma contradição metafórica entre poder e arte. Mais uma vez, Henrique Schneider confirma a sua trajetória de exímio narrador e de um escritor que ressalta a singela humanidade dos seus personagens".


É isso. Entre a chegada e a partida do circo, com a montagem e a desmontagem da lona e tudo mais, em meio aos conflitos entre a ficção e a realidade e envolvidos com os embates entre os variados personagens, o respeitável público vai bater o pé, curtir o espetáculo, rir, chorar e bater palmas. Do picadeiro ao gabinete, muitas, muitas emoções.