Jaime Cimenti
O romance mais recente de Henrique
Schneider
O advogado e escritor Henrique
Schneider nasceu em Novo Hamburgo em 1963, filho de Therezinha, ex-miss e
professora universitária, e Nestor Fips Schneider, ex-deputado estadual. Desde
muito cedo, ligou-se à literatura. Colunista semanal do jornal ABC Domingo, tem
diversos livros publicados e já recebeu muitos prêmios. Tem obras publicadas no
exterior.
Em 1989, recebeu o prêmio
Maurício Rosenblatt pelo romance O grito dos mudos, que já teve cinco edições
pela L&PM e duas pela Bertrand Brasil. Pela Dublinense, já publicou
Contramão e A vida é breve e passa ao lado.
Respeitável público (Dublinense,
126 páginas) é o romance mais recente de Schneider e foi lançado nesta semana.
O livro foi finalista do Prêmio Açorianos. A narrativa - em tom fantástico -
trata da cidade de Galateia, onde o prefeito Teodoro Alegria governa a fogo e
favores. Ele vai levando a vida como acha que tem que ser, em meio à lenta
burocracia, à mulher e filhas tranquilas e um tanto tristes, mas aí chega, de
uma hora para outra, o circo Hollywood.
É um daqueles circos pequenos em
tamanho, mas grandes em termos de extravagância. O trapezista com olhos cor de
púrpura, a cigana com aroma de sândalo, o dono do circo com dentes de ouro e o
dia de estreia com possibilidades de ameaça ao poder municipal são apenas
alguns dos ingredientes. Tudo pode mudar nessa vida, sempre tudo pode mudar.
Desde que o mundo é mundo, como sempre foi, sempre será.
Como epígrafe, o escritor utilizou,
com extrema adequação, uma frase do saudoso autor Caio Fernando Abreu. Caio,
aliás, pela qualidade das suas frases e de seus textos, tem sido cada vez mais
lembrado, nos últimos tempos, mesmo por leitores de novas gerações. A frase de
Caio que consta na epígrafe: "Odeio circo. Aliás, odeio tudo que me
encanta e depois vai embora".
Na apresentação, o poeta e
escritor Dilan Camargo menciona que "Henrique cria uma história na melhor
tradição das narrativas latino-americanas ao expor a tragicomédia do poder
político unipessoal diante de fatores fantásticos e humanos que fogem ao seu
controle. Ele capta e atualiza, de forma original, o que representa o circo no
imaginário humano, com o seu fado de encantar e de mudar destinos. O encontro
da filha do todo poderoso prefeito da remota cidadezinha de Galateia com o
trapezista do Gran Circo Holywood transcende a beleza das histórias de amor e
nos joga no coração de uma contradição metafórica entre poder e arte. Mais uma
vez, Henrique Schneider confirma a sua trajetória de exímio narrador e de um
escritor que ressalta a singela humanidade dos seus personagens".
É isso. Entre a chegada e a
partida do circo, com a montagem e a desmontagem da lona e tudo mais, em meio
aos conflitos entre a ficção e a realidade e envolvidos com os embates entre os
variados personagens, o respeitável público vai bater o pé, curtir o espetáculo,
rir, chorar e bater palmas. Do picadeiro ao gabinete, muitas, muitas emoções.