terça-feira, 25 de junho de 2013


25 de junho de 2013 | N° 17472
PAULO SANT’ANA

Notas esparsas

Certa vez, escrevi aqui que os médicos clínicos têm ciúme dos médicos cirurgiões porque, além de operarem, os cirurgiões clinicam.

Pois ontem me contaram uma excelente sobre a diferença entre os clínicos, os cirurgiões e os psiquiatras.

Diz o ditado que os clínicos sabem de tudo mas não solucionam nada, os cirurgiões não sabem nada mas solucionam tudo e os psiquiatras não sabem nada e não solucionam nada.

Mas a melhor de todas é do grande mestre Millôr Fernandes: “A depressão aumentou muito no instante em que inventaram a psicanálise”.

Há um intenso debate sobre as causas das passeatas e das desordens porventura ocorridas nelas.

Quanto à busca dos culpados pelas desordens não há debate nenhum, já foi escolhida como sempre a culpada: é a imprensa.

Os manifestantes até agora não conseguiram derrubar Dilma da presidência.

No entanto, surgiram notícias de que há um movimento no PT para substituir Dilma como candidata à reeleição e colocar em seu lugar Lula.

Se isso for real, o que os manifestantes nunca conseguiriam, derrubar Dilma do poder, os petistas alcançariam.

Por sinal, ocorre-me agora que, se Lula for o candidato à presidência, não terá sido ele quem deu a rasteira em Dilma, e sim as manifestações que estão ocorrendo.

Lula seria um candidato emergencial, teria entrado no páreo para pôr ordem na casa.

Essas passeatas ganharam o condão de se tornarem vários plebiscitos: os manifestantes são contra os gastos públicos na Copa do Mundo, contra o caos na Saúde, contra a PEC 37, a favor do passe livre para estudantes.

Tudo isso serve como plebiscitos não convocados mas que são manifestados espontaneamente nas ruas.

Democracia plebiscitária é a mais perfeita das democracias: porque nela o povo decide mais que o Executivo e o Congresso, o que quer dizer em suma que ela implica finalmente o verdadeiro equilíbrio entre os poderes.

Mas eu acho excelente a ideia de que se possa fazer uma reforma política em que se possibilitem candidatos sem partido, o que já ocorre em diversos países democráticos.


O perigo é que então restem partidos sem candidatos.